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A associação entre menores pressões diastólicas com desfechos clínicos poderia ser explicada pela maior pressão de pulso em portadores de doença renal crônica não dependentes de diálise?

Caio Tavares Silva, Livia Beatriz Santos Limonta, Silméia Garcia Zanati Bazan, Luis Cuadrado Martin
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - - SP - BRASIL

 

 

Introdução. A hipertensão arterial está presente na maioria dos pacientes com doença renal crônica (DRC) e é uma condição clínica de alta prevalência, baixas taxas de controle e associada a significativo impactoprognóstico. Mais da metade das mortes em portadores de DRC são atribuídas à doença cardiovascular (DCV) e existem evidências inequívocas para o benefício do controle farmacológico da pressão arterial (PA) e seus componentes na redução da morbidade e mortalidade nessa população. A monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) tem se mostrado superior à PA de consultório ao definir prognóstico e dentro deste contexto, a pressão de pulso (PP) ambulatorial demonstrou ser marcador para incremento da rigidez arterial. Portanto, um dos objetivos deste estudo é esclarecer a influência relativa da PAD e da PP na predição dos eventos cardiovasculares (CV) em portadores de DRC não dependentes de diálise utilizando medidas da MAPA. Tendo em vista que existe a possibilidade de que a associação entre menores níveis de PAD e elevação do risco de morte poderia ser explicada pela maior PP, que estudos que abordaram esse tema utilizando a pressão ambulatorial são escassos, especialmente na DRC, podemos formular a hipótese de que o excesso de mortalidade observado nos menores níveis de PAD constituem uma associação espúria causada pela maior PP. Métodos. Estudo longitudinal, observacional e retrospectivo, com seguimento até dezembro de 2019 envolvendo a análise de exames de MAPA de portadores de DRC no período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2012. Os dados foram analisados mediante a regressão de Cox. A  PP, bem como a PAD foram estratificadas de acordo com quintis. O desfecho  primário constituiu-se de óbito por todas as causas e o secundário o óbito por DCV. Em todas as análises foi considerado estatisticamente significante o nível de p < 0,05. Resultados. Foram registrados 78 eventos fatais entre os 375 pacientes incluídos, sendo 23 (29,5%) de natureza cardiovascular. Dentre os óbitos de natureza não cardiovascular, vale ressaltar a sepse e as neoplasias. Houve associação entre menor PAD e maior mortalidade geral, independente da PP, apenas para a mortalidade por todas as causas (gráfico 1). Não houve associação entre PAD e mortalidade CV. Conclusão. Os achados do estudo nos levam a crer que a PAD baixa pode ser considerada um epifenômeno coexistente com uma saúde debilitada ou doença crônica, as quais seriam as verdadeiras causas do aumento da mortalidade (causalidade reversa).

 

 

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