Introdução:
O Implante por Cateter de Bioprótese Valvar (TAVI) é um procedimento no qual um dos riscos inerentes é a possibilidade de Injúria Renal Aguda (IRA) pelo uso de contraste tanto na avaliação pré-operatória com Angiotomografia (angioTC) como no intraoperatório, impactando negativamente o prognóstico pós-operatório.Relatamos o caso de um paciente com Estenose Aórtica crítica e disfunção renal importante, candidato à TAVI, submetido a uma estratégia nefroprotetora de avaliação morfofuncional sem contraste com implante bem sucedido de TAVI.
Relato do caso:
Paciente de 80 anos com tratamento oncológico prévio de Neoplasia de Bexiga (2007) e Mesotelioma maligno (1976) admitido por Edema Agudo de Pulmão. Apresentava Clearance de Creatinina de 24 mL/min/1.73m² (Creatinina 2,7 e Ureia 155), mesmo após estabilização clínica. Ecocardiograma evidenciou Estenose Aórtica crítica (Área valvar 0.4 cm²; Gradiente médio 69 mmHg e FE 52%). Avaliação pré-operatória sem uso de contraste através de Ecocardiograma transesofágico (ECO TE), AngioRessonância cardíaca sem contraste, angioTC sem constraste e Ultrassom Doppler de vasos mostraram via de acesso femoral sem obstrução funcionalmente significativa, apesar de calcificação difusa e severa bilateral, bem como calcificação valvar aórtica acentuada, sem invasão da via de saída do ventrículo esquerdo.
Realizado profilaxia de nefropatia por contraste no pré e pós-operatório com hidratação parcimoniosa. Submetido à anestesia geral para procedimento guiado por ECO TE. Acessos arteriais guiados por ultrassom, pré-dilatação com balão 29mm durante rapid pacing. Implante de prótese Evolut-R 29mm. Pós dilatação com balão 25mm durante rapid pacing. Aortografia com contraste diluído e Ecocardiograma transesofágico demonstrando bom posicionamento da prótese com refluxo mínimo. Cateterismo cardíaco realizado evidenciou lesão de 90% proximal de ramo diagonal e lesão de 70% proximal em artéria circunflexa. ECO TE realizado no intraoperatório evidenciou endoprótese com abertura normal com refluxo paraprotético de grau discreto, gradiente médio de 9 mmHg. Realizado total de 40ml de constraste diluído durante procedimento.
Recebeu alta no 5º PO, estável clinicamente, sem intercorrências e Creatinina 1,7 - Clearance de Creatinina 40mL/min/1.73m², Ureia 73).
Conclusão:
O caso apresentado demonstra que, apesar do risco intrínseco ao procedimento, uma estratégia de avaliação morfofuncional pré- TAVI sem uso de contraste é eficaz e pode diminuir a chance de IRA no pós-operatório e deve ser lembrado como opção em casos selecionados.