Introdução: A cirurgia cardíaca (CC) é crucial para tratar doenças cardiovasculares quando a terapia farmacológica não é suficiente. Contudo, os pacientes enfrentam riscos de complicações sistêmicas após o procedimento, associadas à imobilidade, esternotomia, circulação extracorpórea (CEC) e ventilação mecânica invasiva (VMI). Objetivo: Identificar os principais desfechos dos pacientes submetidos à CC entre 2022 e 2023 em um hospital universitário. Métodos: Estudo retrospectivo, observacional e transversal com análise de prontuários de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca entre janeiro de 2022 e março de 2023. Os desfechos incluíram: tempo de internação, mortalidade intrahospitalar, tempo de CEC, complicações peri e pós-operatórias, tempo de VMI e necessidade de ventilação não invasiva (VNI), além de parâmetros de mobilidade. Os aspectos éticos foram contemplados. Resultados: De 70 cirurgias, 62 foram analisadas (idade média 60,10±12,04 anos, 64,52% homens). As cirurgias incluíram revascularização do miocárdio (35,48%), troca valvar (41,94%) e cirurgias combinadas. O tempo médio de CEC foi 114,32±49,29 minutos, o tempo de VMI pós-operatório foi 14,2±14,64 horas; 22,58% dos pacientes necessitaram de VNI, 9,68% foram reintubados e 4,84% traqueostomizados. O tempo médio até a retirada do dreno de mediastino foi de 2,7±1,35 dias. Complicações ocorreram em 37,10% dos pacientes no perioperatório e em 67,74% no pós-operatório, predominando complicações hemodinâmicas. Quanto à mobilidade, 95,16% deambulavam sem auxílio no pré-operatório e 93,75% no pós-operatório. Tempo médio até sedestação e ortostase foi 4,0±4,88 e 4,6±5,02 dias, respectivamente. A mortalidade foi de 22,68% (14 pacientes), sendo choque séptico a principal causa (57,14%). Comparando os pacientes que foram a óbito com os que sobreviveram, houve uma tendência a um maior tempo de CEC e de VMI e maior prevalência de complicações nos pacientes que foram a óbito, além de maior tempo sem sair do leito. Conclusão: Foi encontrada uma alta prevalência de complicações, incluindo complicações cardíacas graves e mortalidade, indicando a necessidade de estratégias para melhorar desfechos em pacientes submetidos à CC neste hospital. Adicionalmente, pode-se inferir que o tempo de CEC, de permanência na VMI e de restrição ao leito pode estar associado a piores desfechos.
Palavras-chave: Cirurgia cardíaca; Complicações Pós-Operatórias; Circulação extracorpórea.