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Síndrome Hipereosinofílica idiopática com acometimento cardíaco

Lucas Eduardo Benthien Santos, Lucas Yuiti Mori, Mariane Higa Shinzato, Fernanda de Andrade, Silvia Moulin, Thalita Gonzalez, Cristina Bittar, Isabela Bispo, Roberto Kalil Filho, Ludhmila Hajjar
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A Síndrome Hipereosinofílica Idiopática (SHI) e a Endomiocardiofibrose (EMF) são síndromes clínicas raras e que representam desafios clínicos complexos e, muitas vezes, com resposta frustrante ao tratamento. A SHI é caracterizada por uma elevação persistente de eosinófilos circulantes, desencadeando uma resposta inflamatória exacerbada que pode afetar diversos órgãos. Em contrapartida, a EMF, uma cardiomiopatia restritiva incomum, destaca-se pela fibrose restritiva do endocárdio, concentrando-se predominantemente no ápice cardíaco, sendo uma causa rara de insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada. 

Descrição do Caso: Homem de 36 anos apresenta-se com quadro de rash maculopapular, diarreia e perda ponderal de 16kg. Evoluiu com dispneia aos pequenos esforços e edema de membros inferiores nos últimos 6 meses. Dentre os exames iniciais, destacava-se a presença de hipereosinofilia (4700 eosinófilos/mm3). A biópsia de medula óssea evidenciou hipercelularidade à custa da série granulocítica, principalmente eosinófilos. Realizou investigação genética, sem mutação identificada, sendo então atribuído diagnóstico de SHI. Além disso, no ecocardiograma destacavam-se ventrículos de tamanho reduzido e acentuado espessamento endocárdico de todas as paredes do ventrículo direito. Para melhor avaliação, foi realizada ressonância magnética cardíaca (Figuras 1 e 2) que demonstrou presença de fibrose endocárdica biventricular, além de trombos em ambos ventrículos, aspecto compatível com EMF. Com base nos achados, foi iniciada corticoterapia pela hematologia, com boa resposta clínica e controle da hipereosinofilia. Entretanto, o paciente evoluiu desfavoravelmente do ponto de vista cardiovascular, atualmente com sintomas limitantes da insuficiência ventricular direita.

Fig 1 e 2. Realce tardio demostrando fibrose endocárdica e subendocárdica associado a trombo apical biventricular.


Conclusão: A EMF é uma condição rara, cuja etiologia permanece incerta, sendo a inflamação eosinofílica uma das hipóteses fisiopatológicas mais cogitadas. Tem sua maior incidência em países de climas tropicais e subtropicais, tendo sido sugerido uma possível associação com infecções parasitárias. Trazemos o relato de um raro caso, em que uma SHI levou ao desenvolvimento da EMF. Apesar do bom controle da doença hematológica, tem evoluído desfavoravelmente do quadro cardiológico. O quadro ilustra a complexidade de manifestações associados à hipereosinofilia, tendo entre as mais graves o acometimento cardíaco, quadro de difícil diagnóstico e manejo.

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