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Avaliação do strain miocárdico pela ressonância magnética cardíaca em pacientes diabéticos com doença arterial coronariana crônica

Gustavo André Boeing Boros, Whady Hueb, Paulo Cury Rezende, Laís de Oliveira Toledo, Vitor Coutinho Andrade, Arthur Cirupira, Carlos Eduardo Rochitte, Cesar Higa Nomura, José Antonio Franchini Ramires, Roberto Kalil Filho
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) pode contribuir ou causar alterações estruturais no miocárdio por múltiplos mecanismos, incluindo miocardiopatia isquêmica e, mais raramente e de difícil avaliação, miocardiopatia diabética. Estágios iniciais de disfunção miocárdica podem ser avaliados pelo strain na ressonância magnética cardíaca (RMC) utilizando a técnica de feature tracking, no entanto, não existem estudos que avaliaram estes parâmetros de deformação em pacientes diabéticos com doença arterial coronariana (DAC) crônica. OBJETIVO: Comparar o strain miocárdico em pacientes com DAC crônica com e sem DM2. MÉTODOS: Pacientes com DAC crônica multiarterial e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) preservada, incluídos no estudo MASS V, foram submetidos a RMC antes do procedimento proposto de revascularização. Os pacientes foram estratificados em diabéticos e controles de acordo com o diagnóstico na inclusão. A análise do strain por feature tracking foi realizada utilizando cortes em eixo curto, 2 e 4 câmaras. Os contornos do endocárdico e do epicárdico foram realizados manualmente no final da diástole, e os contornos de rastreamento foram realizados automaticamente para o cálculo do strain longitudinal, circunferencial e radial global do ventrículo esquerdo. RESULTADOS: 202 pacientes foram estudados, sendo 88 (44%) diabéticos e 114 (56%) não diabéticos. As características basais foram semelhantes entre os grupos (idade 70 ± 10 vs 69 ± 11; 69% vs 68% homens; FEVE 65 ± 13 vs 67 ± 9). A média do Syntax Score foi de 21,2 ± 8,5 vs 20,4 ± 8,5 (P=0,52) entre os pacientes diabéticos e os controles, respectivamente. Não houve diferença em volumes ou massa do ventrículo esquerdo, nem na FEVE. A média da massa de realce tardio foi de 2,3 ± 0,9 vs 1,9 ± 0,9 gramas (P=0,32) respectivamente entre os grupos DM2 e controles. Todos os valores de strain estavam reduzidos no grupo DM2, conforme demonstrado na FIGURA 1 (longitudinal: -15,5% ± 2,3% vs -17,5% ± 2,7%, P=0,02; circunferencial: -15,4% ± 2,6% vs -17,4% ± 3,0%, P=0,03; radial: 25,9% ± 5,9% vs 29,5% ± 7,2%, P=0,01). A análise multivariada ajustada para idade, sexo, índice de massa corpórea, hipertensão, Syntax Score, e massa de realce tardio não demonstrou diferenças nos resultados encontrados. CONCLUSÃO: Neste estudo, os pacientes com DM2 apresentaram redução dos parâmetros de deformação – strain longitudinal, circunferencial e radial global do ventrículo esquerdo, quando comparados aos controles. Tais achados sugerem disfunção miocárdica em pacientes diabéticos com DAC crônica multiarterial.

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