Introdução: Tumores e cistos do coração são raros, com uma incidência estimada em torno de 1:100.000 indivíduos. Sua localização mais comum é no ângulo cardiofrênico direito (70- 75%) e o restante se posiciona a esquerda do mediastino. A maioria dos casos são assintomáticos, sendo dor torácica, dispneia ou taquipneia paroxística encontrados em 25 a 30% dos pacientes.
Relato do Caso: Feminino, 83 anos, queixa de dispneia aos esforços habituais, edema de membros inferiores, além de dor torácica não anginosa, iniciados em 2021. Durante investigação, em ecocardiograma verificado presença de imagem anecoica volumosa, relacionada ao pericárdio visceral com compressão de câmaras cardíacas e deslocamento cardíaco para direita. Angiotomografia de coronária: formação cística medindo 12x8,7x9,4cm e volume estimado em 500ml, determinando atelectasia pulmonar adjacente e desvio de estruturas mediastinais para direita, além de tromboembolismo pulmonar agudo. Devido a cisto pericárdico volumoso e sintomático com restrição do ventrículo, optado por abordagem. Devido idade avançada, programado drenagem percutânea.
Discussão: Os cistos pericárdicos são incomuns e podem ter forma uni ou multilocular, com diâmetro variando entre 1cm e 5 cm, sendo mais raros cistos gigantes como no presente caso. Podem ter origem congênita, sendo secundária a coalescência incompleta da lacuna fetal durante a formação do pericárdio ou ser adquirida após um processo inflamatório (infecioso ou reumatológico) e neoplásico. Neste caso, a paciente iniciou a investigação devido a dispneia e dor torácica não anginosa, sendo geralmente um achado incidental em pacientes assintomáticos. Devemos ficar atentos a complicações incluindo tamponamento cardíaco, infecção do cisto e erosão de grandes vasos levando a morte súbita. A ruptura espontânea associada a hemorragia significativa também já foi relatada. Em pacientes assintomáticos, pode-se manter conduta expectante. Até o momento não foram relatados casos de transformação maligna. Porém em paciente sintomático ou com complicações a tendência é indicar abordagem cirúrgica ou percutânea a depender do tipo de complicação e situação clínica.
Conclusão: Cistos pericárdicos se comportam de maneira benigna e na maioria das vezes assintomática. Em grandes proporções podem comprimir estruturas adjacentes, assim como as próprias câmaras cardíacas, gerando sintomas e piora da qualidade de vida. Além disso, podem apresentar complicações de grande morbidade, sendo necessária abordagem cirúrgica ou percutânea.