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Valores pré-operatórios baixos de hemoglobina pioram os resultados hospitalares da cirurgia de revascularização do miocárdio: estudo de coorte pareado por escore de propensão

Álvaro Machado Rösler, Gustavo Simões Ferreira, Vinicius Willy Prediger, Jonathan Fraportti do Nascimento, Marcela da Cunha Sales, Fernando Antônio Lucchese
Hospital São Francisco - Porto Alegre - RS - Brasil

Fundamentos: A anemia pré-operatória é um fator de risco cardiovascular bastante estabelecido e influencia o grau de fragilidade dos cardiopatas isquêmicos encaminhados para a realização de cirurgia cardíaca. Além de ter prevalência elevada em cardiopatas, a anemia parece afetar de forma significativa os resultados da cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM).  Objetivos: Avaliar o impacto da anemia pré-operatória nos resultados da CRM. Material e Método: Coorte prospectiva com 3.890 pacientes submetidos à CRM isolada entre 2010 e 2023. Após uma análise estatística preliminar, estratificada pelo diagnóstico de anemia pré-operatória, foi construído um modelo de regressão logística que resultou na obtenção de escores de propensão. Desta forma, foram obtidos 1.023 pares de pacientes similares entre si. A análise estatística envolveu ainda técnicas univariadas e outras modelações multivariadas. Resultados: após o pareamento, nenhuma das variáveis basais e operatórias apresentou diferença significativa, indicando um alto grau de homogeneidade entre os dois grupos de estudo. Desta forma, foi possível realizar a comparação de desfechos em um ambiente equânime para essas comparações. Neste cenário, nenhum dos desfechos perioperatórios estudados apresentou diferença significativa entre os grupos de anêmicos e não anêmicos. No entanto, quando colocada em um modelo multivariado, a hemoglobina foi identificada como preditor independente de risco para a ocorrência de óbito (OR=0,866; IC95% = 0,761 – 0,987; p 0,031). Por fim, foi possível verificar dois pontos de corte distintos, um para homens e um para mulheres, que resultam em aumento drástico do risco de óbito perioperatório. Para mulheres o ponto de corte foi de 9,0 g/dL e para homens 9,1 g/dL. Pacientes com níveis iguais ou inferiores a estes apresentaram taxa de mortalidade perioperatória igual a 9,0%. Por outro lado, pacientes com hemoglobina acima dos pontos de corte apresentaram taxa de mortalidade igual a 3,6% (p=0,002). Conclusão: Quando analisada por meio da categorização estabelecida pela OMS para classificar pacientes anêmicos, a anemia parece não afetar os resultados da CRM. No entanto, foi possível observar que a hemoglobina baixa foi um preditor independente de risco para a ocorrência de óbito perioperatório e que homens com hemoglobina pré-operatória igual ou menor a 9,1 g/dL e mulheres com hemoglobina igual ou menor a 9,0 g/dL apresentam risco de morte significativamente mais elevado do que pacientes sem anemia ou pacientes com anemia mais branda.

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