Introdução: O implante valvar aórtico transcateter (TAVI) é uma opção de tratamento para a estenose aórtica grave sintomática ou com complicadores. Esta terapia é realizada em sala de hemodinâmica de maneira minimamente invasiva e uma possível complicação é o bloqueio atrioventricular total (BAVT) devido proximidade do sistema de condução à região subaórtica. Este distúrbio pode ser transitório com recuperação após melhora da inflamação e edema local; embora em alguns casos haja persistência da arritmia com necessidade de estimulação cardíaca artificial permanente.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 82 anos, em CF II pela NYHA, fragilidade moderada pela escala de Rockwood, portadora de hipertensão, Alzheimer, depressão e estenose aórtica crítica sintomática com área valvar de 0,7 cm2. Foi submetida à TAVI transfemoral com prótese Sapien 3 UltraÔ 26mm com bom controle angiográfico e ecocardiográfico imediatamente após o implante; evoluiu com BAVT intermitente com necessidade de manutenção de marcapasso provisório (MPP) após o procedimento, e programado implante de Marcapasso definitivo (MPD) tipo MICRAÔ em decorrência da idade, fragilidade e da não necessidade de anestesia geral para este tipo de procedimento, realizado pela equipe de Cardiologia Intervencionista 48 horas após a TAVI. Ao mobilizar o sistema de implantação do MICRAÔ houve sobreposição do dispositivo com o eletrodo do MPP (figura 1), com consequente perfuração e tamponamento cardíaco; prontamente reconhecido, tentado a punção de Marfam, sem sucesso; optou-se por acesso à cavidade pericárdica através da punção do 4 espaço intercostal guiado pelo ultrassom, com sucesso e com drenagem de 250 ml , além de controle ecocardiográfico seriado sem nova coleção. Porém, houve persistência do choque hemorrágico, realizado Ultrassonografia abdominal que identificou lobo hepático esquerdo deslocado com hematoma. Realizada arteriografia hepática emergencial, identificado sangramento arterial, tratado prontamente com embolização com 2 molas InterlockÔ e com PVAÔ, com sucesso. Paciente apresentou importante melhora do quadro hemodinâmico, tendo sido encaminhada para UTI sob IOT, em desmame de drogas vasoativas; e extubada no dia seguinte.
Conclusão: : O implante percutâneo de MPD MICRAÔ é uma excelente opção para pacientes de elevado risco clínico e/ou cirúrgico. A presença do MPP previamente implantado esteve associado, neste caso, à esta grave complicação. Esta associação fez com que houvesse mudança no protocolo de implante do mesmo.