Introdução:
Antraciclinas são fundamentais no tratamento de linfomas não-Hodgkin, porém apresentam riscos de cardiotoxicidade. Fatores de risco cardiovascular aumentam a possibilidade de eventos cardiovasculares durante o tratamento com quimioterapia baseadas em antraciclinas. Novas ferramenta de estratificação de risco cardiovasculares tem sido propostas para avaliar pacientes de câncer antes de terapias potencialmente cardiotoxicas, visando identificar pacientes com alto risco de cardiotoxicidade O escore de risco da Heart Failure Association-International Cardio Oncology Society (HFA-ICOS) oferece uma abordagem detalhada para avaliação do risco cardiovascular em pacientes candidatos a antraciclinas, mas sua aplicação na população brasileira ainda em coortes de linfoma ainda é pouco explorada.
Métodos:
Analisamos retrospectivamente pacientes com linfoma não-Hodgkin tratados com antraciclinas em acompanhamento em um hospital terciário entre 2017 e 2022. Aplicamos nestes pacientes, a ferramenta de escore de risco HFA/ICOS juntamente com coleta de dados demográficos, comorbidades, dados de exames cardiovasculares , adesão ao tratamento e eventos cardiovasculares nesta coorte de pacientes.
Resultados:
Dentre os 71 pacientes avaliados, a minoria dos pacientes (25,31%) foi classificada como baixo risco pelo escore HFA/ICOS. Dentre os classificados como de não baixo risco, aqueles categorizados como de risco alto a muito alto, apresentavam a maior prevalência de fatores de risco cardiovasculares. Os fatores de risco mais prevalentes, foram tabagismo, hipertensão, obesidade, diabetes e dislipidemia. Após o tratamento, 18,30% dos pacientes desenvolveram eventos cardiovasculares ou tiveram aumento no risco cardiovascular.
Conclusão:
Este estudo pioneiro no Brasil demonstra a aplicabilidade do escore de risco cardiovascular (CV) HFA-ICOS em pacientes com linfoma submetidos a tratamentos baseados em antraciclina, revelando uma população majoritariamente de risco moderado a alto de cardiotoxicidade durante e após o tratamento do linfoma. Os achados sublinham a necessidade de reavaliar as avaliações de risco cardiovascular nessa demografia para aprimorar estratégias preventivas e o manejo cardiovascular abrangente.