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Dissecção espontânea de artéria carótida interna: relato de uma apresentação atípica

Politi, TR, Correia, MBR, Manari, M
Instituo de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal - ICTDF - Brasília - Distrito Federal - Brasil

Introdução A dissecção espontânea de artéria carótida interna (DECI) é uma entidade rara, responsável por 1-2% dos acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVCi), com incidência de 1,7-3/100.000 por ano, mais comum em jovens, sendo a principal causa de AVCi em menores de 45 anos. No entanto, há a possibilidade de subdiagnóstico desta doença em idosos, faixa etária em que a prevalência da doença ateromatosa é maior, podendo assim, implicar em diagnósticos e condutas inadequados.A abordagem precoce e adequada dessa doença determina quase sempre melhora significativa, torna-se evidente a necessidade de ampliar os conhecimentos sobre seus aspectos clínicos, patogênicos e fisiopatológicos, reduzindo suas possíveis sequelas. Descrição do caso: Paciente de 77 anos, sexo feminino, encaminhada ao laboratório de ecografia para investigação de AVCi. Ao exame, apresentava-se clinicamente estável e sem antecedentes cardiovasculares relatados até o evento índice. O ecodoppler de vasos cervicais (EVC) revelou ausência de ateromatose e sinais sugestivos de DECI (Figura1), o que gerou grande discussão pela equipe médica. Em seguida foi submetida a angiotomografia de vasos cervicais (ATCvc), que confirmou o diagnóstico. A DECI é definida quando não há uma injúria como trauma maior precipitando-a, mas pode ser correlacionada a diversos fatores (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, síndromes de anticorpos antifosfolípides, trauma cervical e alterações genéticas da parede dos vasos ou tecido conectivo). A apresentação clínica clássica é cefaleia ou dor cervical, isquemia cerebral e síndrome de Horner. O diagnóstico é feito por métodos de imagem como ATCvc (padrão ouro), em geral, obtida durante o protocolo de atendimento do doente com AVC; o EVC (menos invasivo e com menor custo, caracterizando à DECI pela identificação do sinal de duplo lúmen) ou angioressonância. O tratamento é realizado com o uso de terapia antiplaquetária ou anticoagulante e seu prognóstico é geralmente bom, com menos de 10% dos casos evoluindo para óbito. Conclusão: O caso em questão descreve a ocorrência de DECI como etiologia de um quadro de AVCi em uma faixa etária atípica, muitas vezes subdiagnosticada. Logo, pesar da etiologia aterotrombótica e cardioembólica prevalecerem nesta faixa etária, deve-se considerar a própria doença endotelial como substrato fisiopatológico, contribuindo para adequada identificação e definição terapêutica.

Figura 1. Ecodoppler de artéria carótida em corte transverso mostrando sinal do duplo lúmen em ACI (setas).

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