A fibrilação atrial (FA) é uma arritmia cardíaca caracterizada por contrações elétricas rápidas e descoordenadas dos átrios, podendo resultar em hipertensão arterial, doença cardíaca estrutural e outras complicações. Os sintomas da FA podem incluir palpitações, falta de ar, tonturas e síncope, que podem ocorrer devido à redução do débito cardíaco e hipoperfusão cerebral. Este relato é de um homem de 70 anos admitido na UTI após um episódio de desmaio seguido por queda em um botijão de gás, resultando em trauma na região torácica e boca. O paciente apresentava comorbidades, incluindo FA, doença de Chagas, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência venosa, nefropatia parenquimatosa crônica no rim esquerdo, em uso contínuo de rivaroxabana, histórico de tabagismo e etilismo. Nos primeiros dias de internação, os exames revelaram, por ultrassonografia, uma fratura de costelas. O ecocardiograma identificou fração de ejeção ventricular esquerda de 46%, em ritmo de fibrilação atrial. Foi observada pressão sistólica de 44 mmHg, sugerindo possível disfunção cardíaca, e dilatação moderada do átrio esquerdo. Foi diagnosticada cardiomiopatia do ventrículo esquerdo com disfunção sistólica discreta, insuficiência valvar mitral e tricúspide de grau discreto. Na avaliação odontológica, o paciente apresentou queixa de dor intensa (EVA=8) na boca com dificuldade de fala, alimentação e deglutição, relatou que no momento do acidente utilizava próteses dentárias totais removíveis e desadaptadas, gerando extensa área de trauma e lesões orais. O exame físico identificou ulcerações nas mucosas orais e língua, que sangravam ao toque e apresentavam dor intensa. O tratamento envolveu sessões diárias de laserterapia com uma E=2J, 660 nm, prescrição de triancinolona em orabase, spray de tirotricina+quinosol+lidocaína e bochechos com clorexidina 0,12% sem álcool. Recomendou-se alteração da dieta para consistência pastosa e suspensão temporária do uso das próteses. O paciente recebeu tratamento com medicamentos para dor neuropática, broncodilatadores, estatinas, antiácidos, insulina, terapia de reposição nicotínica, anticoagulantes, betabloqueadores, antiarrítmicos e analgésicos, antieméticos. Após a terapia odontológica e médica, houve melhora significativa nas queixas do paciente. Foi possível retomar a dieta sólida e apresentou boa evolução em relação à sua saúde bucal. A abordagem interdisciplinar foi fundamental para proporcionar um cuidado completo e eficaz, garantindo conforto durante sua permanência na UTI.