Introdução: A Cardiopatia Reumática Crônica (CRC) é uma complicação pós-infecciosa à febre reumática, condição resultante de um tratamento inadequado e resposta imunológica anormal a uma faringoamigdalite causada por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A. A CRC envolve danos e inflamação nas válvulas cardíacas com processos de fibrose e calcificação, especialmente nas válvulas mitral e aórtica, como estenose e insuficiência. A CRC está relacionada a baixas condições socioeconômicas e, além de afetar a qualidade de vida, também aumenta o risco de complicações graves, como insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. Métodos: Estudo epidemiológico e transversal com utilização de dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), fornecidos pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística acerca das internações de indivíduos com Doença Reumática Crônica do Coração de 5 a 19 anos na região Sudeste, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022, com análise de fatores sociodemográficos. Análise estatística: Os dados coletados foram compilados no software Microsoft Excel e foi realizada uma análise estatística descritiva. Resultados: No período estabelecido, foram registrados 346 casos e 6 óbitos. O estado de Minas Gerais, que possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano por média entre os anos, foi o mais acometido, com 135 casos (39%). Entretanto, observou-se uma redução nas internações a partir do período pandêmico, o que pode ser atribuído ao isolamento social. Adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos foram os mais afetados. A análise por sexo foi minimamente superior para maior acometimento em homens (52,6%), apesar da ínfima discrepância, em relação à evolução para óbitos, os homens foram os mais acometidos (83,4%). A análise por raça caracterizou pardos (47,1%) como mais afetados, o que é consonante aos fatores socioeconômicos e demográficos e evidencia a importância do acesso à saúde e da equidade social à prevenção da febre reumática. Conclusão:O estudo forneceu informações primordiais à compreensão da importância do acesso igualitário à saúde e prevenção da febre reumática. As desigualdades socioeconômicas são fatores determinantes para a doença. Logo, políticas públicas devem visar a redução dessas disparidades estaduais e promover o acesso ao tratamento adequado às infecções, o que promoverá diminuição de casos de febre reumática e suas complicações, como CRC, com a promoção de acesso universal aos serviços de saúde necessários.