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Reativação de doença de Chagas forma neurológica em paciente transplantado cardíaco: um relato de caso

Júlio Zoé de Medeiros Brito, Vanessa Simioni Faria, Marcelle Gonçalves Henriques Lizandro, Fernanda Del Castanhel, Natália Carvalhinho Carlos de Souza, Igor Altoé da Silva, Fabiana Goulart Marcondes Braga, Luis Fernando Bernal da Costa Seguro, Iáscara Wozniak de Campos, Fernando Bacal
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A reativação da doença de Chagas é uma complicação possível nos pacientes com miocardiopatia chagásica que se submetem ao transplante cardíaco, uma vez que o paciente se torna imunossuprimido e assim, mais propenso à infecções (novas e/ou reativações).

 

Relato de caso: Masculino, 64 anos, transplante cardíaco ortotópico em 2021 por miocardiopatia chagásica, com episódios prévios de rejeição celular 2R, em uso de imunossupressão com tacrolimus, micofenolato de sódio 360 mg 2xd e prednisona 5 mg/dia. Admitido por quadro de confusão mental, hemiparesia direita discreta e afasia de predomínio motor. Ressonância magnética do encéfalo evidenciou lesões inflamatórias nas regiões frontal posterior direita e temporoparietal esquerda com extenso edema perilesional e desvio de linha média. Realizada punção liquórica, cuja microscopia óptica à fresco evidenciou presença de tripomastigotas no sobrenadante. Iniciado tratamento com benznidazol 5 mg/kg/dia, inicialmente trocado micofenolato de sódio por azatioprina, sendo esta, logo, suspensa diante de uma leucopenia. Paciente apresentou boa evolução clínica na enfermaria, recebendo alta hospitalar após 7 dias de tratamento específico para triponosomíase com proposta de manutenção ambulatorial por 9 meses. Discussão: O neurochagas compreende um espectro de alterações neurológicas associadas a reativação da doença de Chagas, tais como meningoencefalite, disautonomia, distúrbios neuropsiquiátricos e lesões expansivas focais, esta última forma representando o caso em tela. A neuroimagem (com ênfase na ressonância magnética do encéfalo) tem papel preponderante na caracterização tecidual dessas lesões focais, e a análise do líquor complementa a investigação complementar inicial. Conclusão: Neurochagas é uma forma rara de reativação da doença de Chagas no pós-transplante cardiaco, porém apesar de sua raridade, deve ser sempre apresentada como hipótese, diante de sua gravidade na falha do tratamento. O diagnóstico se baseia em neuroimagem e análise do líquor e o tratamento específico é feito com benznidazol 5-7 mg/kg/dia dividido em 2 tomadas por 3 a 9 meses, havendo ainda a possibilidade do ajuste no esquema imunossupressor, na troca do antiproliferativo de micofenolato para azatioprina.

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