INTRODUÇÃO: Hoje, o uso não terapêutico de EAA tornou-se um problema substancial entre os jovens praticantes de exercícios recreativos. Vários relatos de casos descreveram infarto do miocárdio em jovens usuários de EAA, e vários estudos ecocardiográficos indicaram que o uso prolongado pode estar ligado à hipertrofia ventricular esquerda. OBJETIVOS: Relatar o caso de um paciente, sem fatores de risco conhecidos, que evoluiu com insuficiência cardíaca isquêmica e infarto pulmonar após uso prolongado de esteroide anabolizantes. MÉTODOS: As informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente, registro fotográfico dos métodos diagnósticos e revisão da literatura. RELATO: Paciente, masculino, 49 anos, refere desde em junho/23 apresentava episódios de dor torácica em aperto, não relacionada a esforço fisico, de duração variável, acompanhada de dispneia e hemoptise. Ao buscar PS, fora diagnosticado como IVAS e ansiedade. Evoluiu com dispneia progressiva ao pequenos esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna e edema de membros inferiores. Procurou cardiologista externo, onde foi diagnosticado com ICFER. Apesar de tratamento inicial, começou a apresentar tosse seca com hemoptise franca, manutenção de dispneia e piora do edema de membros inferiores. ANTECEDENTES: Uso de anabolizantes por 20 anos (ultima aplicação 1 semana antes do inicio do quadro). Nega HAS, DM, DLP. Trabalha como personal trainer e professor de Jiu-Jitsu. EXAMES: AngioTomo de Coronárias: Escore coronariano de cálcio (Agatston) de 765, aterosclerose em múltiplossegmentos da árvore coronariana com redução luminal significativa em artérias descendente anterior, terceira diagonal e coronária direita, CAD-RADS: 4B.
AngioTomo de Tórax: Falhas de enchimento em ramos arteriais bilaterais.
RMN Cardiaca: Disfunção sistólica biventricular importante. Infarto subendocárdico inferolateral mediobasal e viabilidade miocárdica preservada. Presença de realce tardio miocárdico não-transmural nos segmentos inferolaterais mediobasal. Disfunção sistólica ventricular esquerda importante (FEVE=23%).
ECOTT: AO 42 AE 55 DSVE 70 DDVE 59 FEVE 32% TAPSE 16 PSAP 66, Valva aortica com gradienteMax 40, Med 25, VS 3,1m/s. Holter 24h: Ritmo sinusal, ectopia ventricular polimórfica frequente e complexa com 1 episodio de TVNS. CONDUTA: Paciente teve terapia clinica otimizada durante internação com melhora de classe funcional (NYHA 1). Hemoptise controlada e TEP tratado com anticoagulação. Obteve alta e segue em acompanhamento ambulatorial.