Introdução: O tabagismo é um dos principais fatores de risco modificáveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e respiratórias. A cessação tabágica traz inúmeros benefícios para a saúde, com a redução do risco cardiovascular, da ocorrência de câncer e da morbimortalidade de seus usuários. Entretanto, nem todos os indivíduos têm acesso aos recursos necessários para auxiliá-los nesse processo. Assim, ressalta-se a importância da disponibilização de estratégias que possibilitem um processo de cessação abreviado, reduzindo os impactos do cigarro. Destarte, o objetivo deste trabalho foi avaliar aspectos clínicos e da história tabágica (HT) relacionados à cessação breve entre fumantes em processo de cessação tabágica. Metodologia: Estudo observacional, de coorte transversal e acompanhamento longitudinal de fumantes, entre 09/2021 a 02/2024. Os grupos de pacientes passaram por reuniões semanais com avaliação das condições biopsicossociais, abordagem cognitiva comportamental e tratamento medicamentoso, quando necessário. Definições: Cessação breve, aquela relacionada à cessação na 12ª semana de tratamento. Depressão: Patient Health Questionnaire-9 ≥9 pontos. Uso abusivo de álcool, Audit-C ≥ 5 pontos. Motivação para cessação: Escala de Likert (EL), 0 a 10 pontos. Resultados: Foram avaliados 159 pacientes (22 grupos consecutivos de tratamento). Dessa amostra, 60 pacientes foram acompanhados até a 12ª semana de intervenção e, entre estes, 13,3% pararam de fumar. Ao compará-los com aqueles que não conseguiram parar de fumar, no mesmo período, observou-se que os que cessaram eram menos sedentários (p<0,010), com maior uso abusivo de álcool (p<0,002), gastrite (p<0,054) e uma tendência a menor depressão (p<0,078), a menor ocorrência de insuficiência cardíaca (p<0,067), e com menor presença de área inativa ao eletrocardiograma (p<0,071). Quanto a HT, foi observado uma tendência ao maior tempo de vício entre os pacientes com cessação breve (p<0,072), assim como consecutiva redução do números de cigarros fumados/ dia na 2ª, 3ª e 4ª semanas, respectivamente (p<0,001; <0,092 e <0,001). Conclusões: A cessação breve entre fumantes com multimorbidades caracterizou-se por menores barreiras clínicas e com sucessiva redução do número de cigarros diários nas primeiras 4 semanas de intervenção. Torna-se fundamental estratégias educativas motivacionais mais incisivas atreladas ao suporte medicamentoso. Ressalta-se o maior uso de álcool e pode-se inferir uma substituição de vícios.