Introdução: A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma doença grave, de alta complexidade, em que o coração não é capaz de suprir a demanda de sangue do corpo. Ocasionalmente, esses pacientes podem receber contra-indicações para transplante (TX), tendo a perspectiva de implante de dispositivo de assistência ventricular (DAV) permanente. O DAV demanda cuidados específicos, como realização de curativos, organização objetiva e subjetiva para troca de baterias e aceitação de dependência de uma máquina que necessita de energia para funcionar. É provocador de limitações importantes, restringindo liberdade, mas com objetivo de trazer sobrevida. Objetivos: Relatar caso de paciente jovem, com IC terminal e contra-indicada ao transplante, com necessidade de implante de DAV. Método: Mulher de 49 anos, divorciada, com 3 filhos (de 30, 20 e 14 anos). Diagnosticada com miocardiopatia hipertrófica aos 20 anos, com limitações importantes por conta da IC. Internada em estado clínico grave, em terminalidade da doença, mas em dúvida sobre aceitar o DAV. Dados coletados em acompanhamento psicológico ao longo de 3 meses. Resultados: Paciente com longo histórico de doença, engajada e adaptada às limitações. Na internação, trouxe reações emocionais importantes advindas do processo de luto da contra-indicação ao transplante, visto que significava-o como uma nova vida. Paciente com perfil de rejeitar o cuidado dos outros, colocando-se sempre em posição de proteger os filhos – algo que precisou ser ressignificado mediante que, se aceitasse o DAV, precisaria tornar-se dependente dos cuidados destes. Ao longo dos atendimentos, transitou com reações de raiva, barganha, negação e depressão sobre as limitações inerentes do DAV – juntamente com o desejo de viver ao lado de seus entes queridos e receber alta hospitalar. Conclusão: O acompanhamento psicológico possibilitou que a paciente trabalhasse e fortalecesse tanto a possibilidade de recusa do tratamento – se dando conta da sua própria terminalidade; quanto considerasse o implante do DAV, à despeito da perda de questões importantes, mas que possibilitassem uma sobrevida. Paciente demonstrou processo de elaboração e ressignificação de desejos e investimentos subjetivos, por fim, aceitando o DAV e significando-o como alguma vida dentro da perda da liberdade e dependência.