Doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo. Para prevenir DCV e buscar alvos terapêuticos, é necessário aprimorar o diagnóstico com novos biomarcadores. Aminas biogênicas, derivadas do metabolismo de aminoácidos, podem estar relacionadas à fisiopatologia das DCV. Este trabalho objetiva investigar a relação entre os níveis de aminas biogênicas cardíacas e a saúde cardiovascular. Ratos Wistar (n=36) foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: controle e dieta ocidental, por 20 semanas, para indução de doença cardiovascular por dieta (CEUA:1337/2019). No plasma, foram avaliados transaminase glutâmico-oxalacética (TGO), colesterol total, triglicérides, glicemia, insulina, homeostase da resistência à insulina (HOMA-IR) e índice triglicérides-glicose (TyG). A pressão arterial sistólica foi avaliada por pletismografia de cauda e foi realizado Doppler Ecocardiográfico. Aminas biogênicas cardíacas foram avaliadas por cromatografia líquida de alta eficiência. Dados submetidos ao Teste T de Student ou Mann Whitney e correlação de Spearman (p = 5%) e análise discriminante de mínimos quadrados parciais (PLS-DA). Os animais do grupo dieta ocidental tiveram níveis aumentados de TGO (p=0,022), colesterol total (p=0,005), triglicérides (p<0,001), glicemia (p<0,001), insulina (p=0,032), HOMA-IR (p<0,001) e TyG (p<0,001). Estes animais também desenvolveram hipertensão arterial sistólica (p<0,001), remodelamento (p<0,001) e disfunção cardíaca (p<0,001). No coração, foram detectadas agmatina, cadaverina, espermidina, espermina, histamina, putrescina, serotonina e triptamina. Dieta ocidental diminuiu os níveis de agmatina (p<0,001), cadaverina (p<0,001), espermidina (p=0,001) e putrescina (p=0,003), e aumentou nos níveis de histamina (p = 0,014) e serotonina (p<0,001). Foram encontradas moderadas e fortes correlação inversas entre os níveis cardíacos de agmatina (r= -0,820; p<0,001), putrescina (r= -0,590, p<0,001) e cadaverina (r= -0,811, p<0,001) e remodelamento e disfunção cardíaca, e hipertensão. Os níveis cardíacos de serotonina foram forte e diretamente (r= 0,766, p<0,001) relacionados aos mesmos parâmetros. A análise de PLS-DA demonstrou grupos bem separados com animais do mesmo grupo agrupados. Conclui-se que os níveis cardíacos das aminas biogênicas agmatina, putrescina e cadaverina estão forte e diretamente correlacionados à saúde cardiovascular, enquanto os níveis de serotonina estão forte e inversamente relacionados a mesma.
