Introdução: Intervenções para o tratamento da obesidade, incluindo a mudança de hábitos de vida, que incluam a melhora de hábitos alimentares, de sedentarismo e de saúde mental, são evidenciados como benéficos para prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares e melhora da função autonômica do coração. Objetivo: Avaliar a efetividade de um programa de reeducação alimentar e melhoria de qualidade de vida sobre os indicadores de adesão às orientações dietéticas, o estilo de vida, variáveis antropométricas e a função autonômica do coração. Métodos: Pacientes com obesidade de ambos os sexos, encaminhados a um ambulatório de nutrição de um Instituto de Cardiologia para emagrecimento, foram acompanhados mensalmente, durante 3 meses. Foram aplicados dois questionários para avaliar as mudanças no estilo de vida (IPAQ-versão reduzida e PHQ-9), e foi realizado o eletrocardiograma para avaliação da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC), antes e após o período de acompanhamento. Estatística: As variáveis categóricas foram expressas como frequência e comparadas pelo teste do Qui-quadrado. As variáveis numéricas foram expressas como média ± EPM e intervalo de 95% de confiança de Wald, foram usadas equações de estimação generalizadas (EEG). Todos os testes estatísticos foram bicaudais e o nível de significância adotado foi P< 0,05. Resultados: Foram avaliados 24 pacientes com obesidade (IMC > 30kg/m2), com idade média de 62 anos (min – máx: 42 – 80 anos, DP: 10 anos). A adesão aos hábitos alimentares saudáveis teve aumento médio de 21,3% para 66,5% (P< 0,001). O IPAQ demonstrou que, ao final do estudo houve aumento da prática de atividade física (P=0,023), e houve redução significativa no escore de PHQ-9 após a intervenção (P=0,022), indicando melhora na saúde mental dos pacientes. Notou-se que o programa de intervenção foi eficaz em reduzir significativamente o peso corporal (média de 5,4%) comparado ao período basal (P=0,043), IMC (P=0,029) e a circunferência da cintura (P=0,031). Foi identificada existência de associação entre a variação de perda de peso e de diminuição do IMC com as variabilidades observadas nos componentes do domínio da frequência, tanto entre os indivíduos adultos (P=0,003), quanto entre indivíduos idosos (P=0,034). Conclusões: A intervenção em qualidade de vida e reeducação alimentar utilizada no presente estudo foi capaz de promover a melhora tanto na saúde mental quanto o aumento da atividade física dos pacientes, redução dos parâmetros antropométricos e a melhora na VFC, especificamente nos componentes do domínio da frequência.