Pacientes com insuficiência renal grave apresentam alta prevalência de doença arterial coronariana (DAC). Como muitos desses pacientes apresentam alto risco cirúrgico, o tratamento percutâneo da DAC neste grupo é uma alternativa. No entanto, a melhor abordagem neste cenário ainda não está bem estabelecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a taxa de mortalidade por todas as causas ao longo de 5 anos de seguimento em pacientes com insuficiência renal grave e DAC crônica tratados com cirurgia de revascularização do miocárdico (CRM) versus intervenção coronariana percutânea (ICP). Foram utilizados dados de uma grande rede multinacional de registros eletrônicos de saúde (TriNetX). Foram considerados elegíveis pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, portadores de insuficiência renal grave (clearance de creatinina <30 mL/min) e DAC. Curvas de Kaplan-Meier e taxas de risco foram calculadas. Identificamos 457.873 pacientes submetidos à CRM e 780.151 pacientes submetidos à ICP. Após balanceamento dos grupos com o uso de escore de propensão, foram comparados 447.616 pacientes em cada grupo. A probabilidade de morte por todas as causas em 5 anos foi significativamente menor no grupo ICP do que no grupo CRM [10.51% vs. 11.58%%, risco relativo 0.907, intervalo de confiança (IC) de 95%, 0.897-0.918, p <0.0001]. Conclusão: Neste estudo do mundo real com pacientes com DAC crônica e insuficiência renal grave, a probabilidade de morte por todas as causas em 5 anos foi significativamente menor em pacientes submetidos à ICP do que naqueles submetidos à CRM.