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Dissecção espontânea de coronária durante puerpério: Relato de Caso

Santos GLN, Custodio MS, Faria FM, Silva CM, Silva IMR, Filho RCS, Andrade FA, Almeida DR
UNIFESP - Univers. Federal de São Paulo - São Paulo - SP - BRASIL

Introdução: A dissecção espontânea de artéria coronária (DCE) é uma causa rara de síndrome coronariana aguda (SCA), com incidência estimada em 0,1% a 4% dos casos. Ocorre devido uma separação das paredes da artéria acometida com formação de falso lúmen, não associada a aterosclerose, trauma ou iatrogenia. A patogênese não está totalmente elucidada, porém apresenta fatores desencadeantes como o enfraquecimento da parede arterial e aumento da força de cisalhamento.

Descrição De Caso: Paciente do sexo feminino, 29 anos, multípara, puerpera e doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) diagnósticada no 3º trimestre, internada por SCA com supradesnivelamento do segmento ST da parede anterior 10 dias após parto normal, trombolisado e sem critérios de reperfusão. Seguiu para coronariografia de resgate, sendo evidenciado imagem compatível com dissecção de artéria descendente anterior (ADA) e presença de imagem negativa sugestiva de hematoma e sem outras lesões. Foi realizada angioplastia de ADA com balão convencional, sem sucesso. Desenvolveu insuficiência cardíaca, manteve-se com hipertensão arterial sistêmica (HAS); e após 6 anos de seguimento não recuperou a função ventricular com terapêutica otimizada.
Conclusões: A DCE ocorre predominantemente em mulheres e é uma causa importante de SCA no período gestacional e puerpério. Alguns fatores de risco são idade acima de 30 anos, HAS, DHEG e multiparidade. Se manifesta principalmente por dor torácica, mas pode ocorrer insuficiência cardíaca congestiva, arritmias e morte súbita. O diagnóstico geralmente é por angiografia coronariana, e se torna a primeira escolha devido a literatura evidenciar benefício se realizada nas primeiras 24 horas porém pode ser feito com angiotomografia de coronárias. A ultrassonografia intravascular e tomografia de coerência óptica refinam ainda mais a visualização. O tratamento vai depender da gravidade, do estado hemodinâmico e do acometimento coronário, e pode variar desde tratamento clínico a percutâneo ou cirúrgico. Pacientes estáveis e sem evidência de isquemia, o manejo clínico é preferencial e na maioria dos casos ocorre regressão da lesão. Já nos casos de instabilidade e isquemia aguda a intervenção coronária percutânea está relacionada a maior recanalização do vaso, melhora da função ventricular e maior sobrevida. Dessa forma, o manejo da DCE deve ser individualizado e é fundamental para redução da morbimortalidade da paciente.

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