Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada uma das doenças cardiovasculares mais comuns, sendo responsável por diversos eventos cardiovasculares e lesões em órgãos alvo que podem ser fatais. O tabagismo representa um fator de risco relevante na HAS tanto pelo dano vascular, quanto pelos efeitos tóxicos de substâncias químicas presente no cigarro, como o monóxido de carbono e a nicotina, potencializando a lesão endotelial, agravando as repercussões hemodinâmicas da HAS e dificultando o seu tratamento. Objetivos: Avaliar as características clínicas e de história tabágica entre fumantes hipertensos em processo de cessação tabágica. Métodos: Estudo observacional de coorte transversal e acompanhamento longitudinal de fumantes com multimorbidades, entre 09/2021 a 02/2024. Definições: Doença Aterosclerótica Declarada (DAD): presença de lesões vasculares independentes do sítio vascular. Déficit cognitivo: Montreal Cognitive Assessment (Moca) <26 pontos. SAOS (Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono): Stop-Bang ≥ 5 pontos. Fumantes light: uso diário ≤ 10 cigarros/dia. Resultados: 159 fumantes foram avaliados, referentes a 22 grupos consecutivos de tratamento. Desta amostra, 69,2% eram hipertensos. Ao se comparar fumantes hipertensos ou não, observou-se que os com HAS associada apresentavam maiores percentuais de não brancos (p<0,021); sedentários (p<0,049); dislipidêmicos (p<0,001); com SAOS (p<0,001); com diabetes mellitus (DM) (p<0,001); DAD (p<0,001), com maior representatividade para o infarto agudo do miocárdio (p<0,059); insuficiência cardíaca (p<0,059); arritmias (p<0,038) e déficit cognitivo (p <0,024). Além disso, comparados aos não hipertensos, os hipertensos fumavam um número menor de cigarros diários (p<0,043) e apresentaram maior prevalência de fumantes light (p<0,051). Conclusão: Observou-se na amostra estudada, alta prevalência de fumantes hipertensos, onde outras condições crônicas relacionadas a HAS foram identificadas com correlação impactante, como a DAD e DM. Infere-se o tabagismo como agravante da condição de saúde e potencializador do efeito deletério das doenças instaladas. Ressalta-se, portanto, a importância da investigação e controle da HAS em fumantes, mas principalmente da cessação do tabagismo nessa população, com o objetivo de evitar as repercussões geradas e reduzir o risco cardiovascular desses pacientes.