Introdução: A espessura íntima-média (EIM) carotídea é considerada uma medida de aterosclerose subclínica, mas pode ser influenciada por aumentos não apenas da espessura da camada íntima (EI), uma medida mais específica de aterosclerose, como também da camada média (EM), que é basicamente composta por células musculares lisas. A hipertensão arterial é um fator de risco para aterosclerose e demência. Contudo, pouco se sabe sobre a relação entre a espessura das subcamadas carotídeas e parâmetros estruturais e funcionais cerebrais em hipertensos.
Métodos: Este estudo transversal avaliou 30 pacientes hipertensos que realizaram 1) ultrassonografia carotídea com coleta de imagens de alta resolução para avaliação de EI, EM e EIM; e 2) ressonância magnética com aquisição de dados cerebrais morfológicos e funcionais [volume intracraniano (VIC), volume de substância cinzenta (VSC), volume de substância branca (VSB), volume talâmico (VT) e espessura média da substância cinzenta (EMSC). Foi considerado significativo um valor de p<0,05.
Resultados: Os pacientes tinham idade=62,8±7,8 anos, 77% mulheres, 53% diabéticos, 7% fumantes, 70% hipercolesterolêmicos, IMC=30,1±6,2 kg/m2, pressão arterial sistólica=152,3±34,8 mmHg, pressão arterial diastólica=84,7±19,0 mmHg, EI=0,255±0,048 mm, EM=0,479±0,094 mm, EIM=0,734±0,111, razão EI/EM=0,55±015 e VIC=1305±142 ml, VSC=563±48 ml, VSB=455±58 ml, VT=9,36±0,77 ml e EMSC=2,35±0,09 mm. Análises por splines cúbicos ajustadas por idade, sexo, pressão arterial, diabetes, IMC, tabagismo e hipercolesterolemia mostraram que a razão EI/EM teve uma associação inversa com VSC (p=0,034), VT (p=0,033) e EMSC (p=0,043) (Figura).
Conclusões: Pacientes com maiores valores de razão EI/EM carotídea apresentam menor quantidade de substância cinzenta cerebral e menor volume talâmico, indicando que esta medida carotídea possa ser um possível marcador de alterações estruturais cerebrais associadas a disfunções cognitivas em hipertensos.