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Diagnóstico Diferencial de Miocardite Viral em Paciente com Carcinoma de Mama Tratada com Inibidores de Checkpoint Imunológico: Um Relato de Caso

Rômulo FM, Rodrigo NC, Aline SHTM, Juliana COC, Bruna GG, Andres ELV, João CDS, Gabriel MF, Patti KNL
HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA - - SP - BRASIL

Introdução: A imunoterapia com inibidores de checkpoints (ICI) é uma ferramenta crucial no arsenal terapêutico do oncologista no tratamento de neoplasias. No entanto, uma complicação rara, porém temida, é a miocardite, que pode limitar a continuidade dessa terapia. Neste relato de caso, destacaremos a importância de realizar o diagnóstico diferencial entre miocardite associada a ICI e miocardites virais.

Relato de caso: C.Q.R, mulher de 45 anos, com diagnóstico de carcinoma de mama esquerda triplo negativo em 05/2023. Iniciou terapia neoadjuvante com ICI e quimioterapia. Após o 4º ciclo de pembrolizumabe (PZ), desenvolveu hipofisite imuno mediada, sendo iniciado tratamento com corticoide (CO). Em 12/2023, realizou quadrantectomia, seguida de radioterapia, e continuou com PZ adjuvante. Três semanas após o 12º ciclo, apresentou dor torácica súbita ventilatório dependente e dispneia, sendo excluindo trombose pulmonar. O ecocardiograma não revelou alterações, porém o ECG mostrou supra desnivelamento difuso do segmento ST. Os níveis de troponina T ultrassensível (8, 17, 13, 6 - VR<14ng/l) e NT-proBNP (4389pg/ml) aumentaram. A ressonância cardíaca revelou realce tardio não isquêmico nas paredes lateral e ântero lateral do segmento basal, confirmando o diagnóstico de miocardite. A paciente recebeu metilprednisolona 1mg/kg por 3 dias, seguido de desmame progressivo de prednisona, com suspensão do próximo ciclo de PZ. Houve melhora dos sintomas após 3 dias de CO, com normalização dos marcadores cardíacos e resolução do SST no ECG. Uma sorologia para Coxsackie B (CVB) revelou positividade para CVB grupo B2 com título 1/256.

Discussão: O PZ, inbidor do receptor PD-1 de linfocitos T, modula o sistema imunológico, restaurando a resposta antitumoral, ativando a resposta indlamatória. A incidência de miocardite associada a ICI é rara, 0,2% a 1,1%, porém sua mortalidade pode chegar a até 50%. A suspensão da terapia oncológica é necessária nessas situações, o que pode comprometer o prognóstico do paciente. Neste caso, apesar da miocardite leve, a paciente teve que interromper a imunoterapia. No entanto, a descoberta de altos títulos de CVB sugeriu uma miocardite viral, o que implica em um melhor desfecho e possibilidade de reexposição ao PZ.

Conclusão: Este caso enfatiza a importância do diagnóstico diferencial em casos de miocardite associada a ICI, o que pode ter implicações significativas na terapia oncológica. A identificação de uma miocardite viral pode permitir a continuação segura da imunoterapia, permitindo o tratamento oncológico com a segurança cardiológica.

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