Fundamentos: A Síndrome da COVID longa é caracterizada pela persistência ou início de sintomas após a fase aguda da COVID-19. A fadiga e a dispneia são os sintomas mais prevalentes, e alterações no controle da ventilação têm sido associadas a esses sintomas.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo comparar a dispersão da ventilação durante o esforço em sobreviventes de COVID-19, de acordo com a presença ou ausência de sintomas de fadiga.
Materiais e métodos: Realizamos um estudo observacional transversal com indivíduos que tiveram COVID-19 no passado, com mais de 3 meses desde o início dos sintomas. Os pacientes foram submetidos a um teste cardiopulmonar do exercício (TCPE) e divididos em dois grupos: um grupo com fadiga e um grupo sem fadiga. Um grupo controle histórico também foi incluído na análise. O índice de dispersão ventilatória (IDV) foi calculado e comparado entre os grupos.
Resultados: Foram analisados 90 pacientes (44,24±9,22 anos; 67,8% do sexo masculino). O IDV foi significativamente maior no grupo com fadiga em comparação aos outros grupos (p=0,006). A correlação entre o IDV e o VE/VCO2 slope foi significativa (r=0,659, IC95% 0,519 a 0,765). Na análise multivariada, o IDV mostrou-se independentemente associado à presença de fadiga (OR=35,37; IC95% 3,409-7695,221)
Conclusão: A dispersão da ventilação durante o esforço está significativamente associada à presença de fadiga em sobreviventes de COVID-19. Esses achados fornecem informações importantes sobre a fisiopatologia da Síndrome da COVID longa e destacam a importância da avaliação da ventilação nesses pacientes.