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Sobrevida em 15 Anos da Cardiomiopatia Chagásica: Perspectivas de uma Coorte Brasileira

Maria Tereza Sampaio de Sousa Lira, Silas Ramos Furquim, Daniel de Marchi, Pamela Camara Maciel, Rafael Cavalcanti Tourinho Dantas, Fabio Fernandes, Felix Jose Alvarez Ramires, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Eduardo Gomes Lima, Edimar Alcides Bocchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A cardiomiopatia crônica da doença de Chagas (CCDC) é uma das principais etiologias da insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida (ICFER) no Brasil. O objetivo desse estudo é avaliar a sobrevida da CCDC em um centro de referência.

Métodos: Trabalho retrospectivo, observacional e unicêntrico que avaliou o prontuário de 8072 pacientes com ICFER, entre janeiro de 2006 e setembro de 2021. Os pacientes foram divididos em dois grupos: 1084 (13,4%) apresentavam CCDC e 6988 (86,6%) cardiomiopatia não-chagásica (NCCDC). O desfecho avaliado foi mortalidade por todas as causas ou transplante cardíaco.

Análise estatística: Para dados basais, utilizou-se os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para variáveis numéricas e o teste Qui-quadrado para as categóricas. Foram elaborados gráficos de sobrevida cumulativa (Kaplan-Meier) para ilustrar a sobrevida livre de eventos por etiologia da ICFER. Valores de p < 0,05 foram considerados significativos.

Resultados: Entre os NCCDC, 2748 (34,0%) possuíam etiologia isquêmica, 1504 (18,6%) idiopática, 1015 (12,6%) hipertensiva e 782 (9,7%) valva. Ocorreram 2348 (33,6%) desfechos no grupo NCCDC e 567 (52,7%) no grupo CCDC. Os pacientes com CCDC possuíam menor mediana de idade [65 (57 – 73) anos versus 68 (59 – 77) anos; p <0,001] e de FEVE [30,0 (25,0 – 35,0)% versus 30,0 (25,0 – 35,0)% ; p<0,001] do que os NCCDC, assim como menor percentual de homens [615 (56,7%) versus 4568 (65,4%); p <0,001) e de comorbidades [920 (84,8%) versus 6589 (94,3%); p<0,001]. Além disso, o grupo CCDC possuía maior prevalência de pacientes em classe funcional III e IV [316 (29,1%) versus 1293 (18,5%); p<0,001] e em uso de terapia tripla [604 (55,7%) versus 3096 (44,3%); p<0,001]. A mediana de sobrevida geral foi de 8,917 (5,667 – 12,083) anos, sendo menor no grupo CCDC quando comparado ao NCCDC [7,083 (4,354 – 10,333) anos versus 9,167 (5,917 – 12,333) anos; p<0,001]. O grupo CCDC apresentou uma sobrevivência livre de eventos menor do que as demais etiologias para ICFER (10,407 anos; IC 95% 9,080 – 9,735 versus 11,711 anos; IC 95% 11,596 – 11,826; p < 0,001).

Conclusões: A CCDC apresenta um pior prognóstico em comparação com a NCCDC, apesar de serem mais jovens e terem uma taxa maior de tratamento triplo. O estudo ressalta a complexidade da CCDC, evidenciado por uma maior taxa de mortalidade e transplante cardíaco ao longo de 15 anos.

 

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