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Dignidade no fim da vida: A Complexa decisão do plano de tratamento odontológico em paciente com demência vascular.

Basalia, VSG, Reinato, IMS, Souza, WM, Santos, GR, Martins, GB, Mendes, MSS
Buganvília Odontologia Domiciliar - São Paulo - SP - Brasil, UNESP - sao jose dos campos - SÃO PAULO - Brasil, Universidade Cidade de São Paulo - São Paulo - SP - Brasil

Paciente com demência vascular, doença caracterizada por um declínio cognitivo progressivo causado por danos aos vasos sanguíneos do cérebro, são dependentes dos cuidadores, o que aumenta o risco de infecções orais por dificuldade de higiene oral, principalmente durante uma internação hospitalar prolongada. Homem de 62 anos, em fase final de vida, apresentava demência vascular avançada, diabetes, hipertensão, sequelas de Acidente Vascular Cerebral (amaurose bilateral, hemiplegia direita e afasia de expressão) e estava em uso de 24 medicamentos, entre eles anti hipertensivos, anti convulsivantes e anticolinérgicos. A equipe odontológica foi acionada pela equipe de uma enfermaria devido à queda do estado geral, baixa ingesta alimentar, sialorreia e abscesso dentário detectado pela equipe médica durante a oroscopia. No dia da primeira consulta, o paciente já estava fazendo uso de amoxicilina com clavulanato de potássio.Ao exame clínico e radiográfico à beira do leito hospitalar, observou-se múltiplas cáries extensas com acometimento pulpar, raízes residuais, fístula com secreção purulenta na região do incisivo central inferior esquerdo e extravasamento do fluxo salivar para além dos lábios inferiores. Após a reunião com a equipe multiprofissional, considerando o foco agudo de infecção e dor, optou-se pela exodontia do dente em questão e das raízes residuais adjacentes, mesmo sabendo do momento da história natural da doença de base. Uma semana após a cirurgia, o paciente iniciou automutilação e traumatismo dos lábios com os dentes caninos, formando uma úlcera de 1 cm no lábio inferior. Apesar dos dentes não ter função estética e mastigatória nessa fase da vida do paciente, optou-se por medida mais conservadora, sendo ela o arredondamento das bordas cortantes associado a aplicação de laser de baixa potência na lesão para analgesia e cicatrização tecidual. Após 10 dias, houve melhora da lesão ulcerada e controle da dor. Neste caso, a exodontia, considerada um procedimento invasivo, foi indicada e contraindicada em diferentes situações embora em ambas as ocasiões, o paciente estivesse em fase final de vida, fato que comprova a importância do olhar especializado do cirurgião dentista inserido em uma equipe multiprofissional de cuidados paliativos. O planejamento em equipe é fundamental para garantir a dignidade do paciente no fim da vida, levando em consideração a trajetória da doença principal, queixa e diagnóstico odontológico.

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