Introdução: A cardiotoxicidade associada à doxorrubicina é uma preocupação no tratamento do câncer de mama. Em adição, o próprio tumor promove alterações metabólicas dos cardiomiócitos. Acreditamos que o treinamento físico aeróbico (TFA) apresenta potencial para amenizar os efeitos da quimioterapia e do tumor sobre os cardiomiócitos. Objetivo: Avaliar o efeito cardioprotetor do TFA sobre os mecanismos associados a cardiotoxicidade decorrente do tratamento quimioterápico em modelo de câncer de mama. Métodos: Após a aprovação ética, camundongos C57BL/6J, fêmeas, foram divididos em dois grupos: Tumor+Doxo sedentário e Tumor+Doxo TFA. Os animais dos grupos tumores foram inoculadas 2,5x105 células EO771 na semana 0 (S0). O tratamento com a Doxo foi realizado uma vez por semana (5 mg/kg) por cinco semanas, iniciado 1 semana após a inoculação das células. O Tratamento iniciou junto com o TFA. Foi realizado o teste esforço cardiopulmonar (TCP) e teste de força muscular antes e após o TFA. O TFA foi realizado em intensidade baixa a moderada, 40-50% obtido no TCP, 4 vezes na semana, por 40 minutos durante 5 semanas. Os animais foram submetidos a imagem de gated-PET para avaliação do metabolismo e da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) com 18F-FDG nas 2º, 4º e 6º semanas (S2, S4, S6) após o início do protocolo. A análise histopatológica incluiu a quantificação da intensidade do estresse oxidativo (ROS) e inflamação (CD68). Resultados: Houve queda progressiva ao longo das semanas de experimento na FEVE no grupo Tm+Doxo SED (S2 vs S4, p= 0,024; S2 vs S6, p=0,003) que não foi observada no grupo Tm+Doxo TFA (p> 0,05). Os animais sedentários apresentaram aumento progressivo da captação miocárdica de 18F-FDG. O TFA impediu a queda do VO2pico (0,5±5,3 vs -6,4±3,5 ml/kg/min, p= 0,017) e aumentou o tempo até a exaustão (289±201 vs -182,7±395,5s, p= 0,009) e velocidade pico (9,1±5,7 vs -2,2±4,35cm/s, p= 0,001). O TFA impediu a redução de força muscular (p= 0,26). O grupo de animais submetidos ao TFA apresentou menor produção de ROS (5,01±0,5 vs 10,3±2,3ua, p=0,0003) e menor intensidade de inflamação miocárdicas (52±8,1 vs 80,8±5,9n/mm2, p<0,001) quando comparado ao grupo controle. Conclusão: O TFA demonstrou ser uma intervenção eficaz na proteção contra a cardiotoxicidade induzida pela doxorrubicina em câncer de mama. Além de preservar a função e o metabolismo cardíacos, o TFA melhorou parâmetros de aptidão física e reduziu o estresse oxidativo e inflamação miocárdicos, destacando seu potencial como estratégia cardioprotetora durante o tratamento quimioterápico.