Introdução: Pacientes com miopatias inflamatórias idiopáticas (MIIs) podem apresentar elevações de troponina na ausência de cardiopatia clinicamente manifesta. Essa situação é mais comum ao utilizar a troponina cardíaca T de alta sensibilidade (hs-cTnT), mas há informações limitadas sobre os resultados esperados de acordo com o tipo de MII e o valor prognóstico desse biomarcador neste grupo de pacientes.
Métodos: Estudo prospectivo com 32 indivíduos do grupo controle saudáveis e 61 pacientes com MIIs sem cardiopatias conhecidas, os quais foram acompanhados por uma média de 25 meses. A hs-cTnT foi medida, no início, em ambos os grupos, e um valor de 14 pg/ml foi o percentil 99, considerado o limite superior da normalidade (LSN).
Resultados: O valor mediano de hs-cTnT foi maior em pacientes com miopatias [12,0 (5,0; 35,0) vs. 5,0 (4,0; 6,2) p<0,001], e a frequência de valores anormais também foi mais comum em pacientes com MIIs em comparação com os controles (45,9% vs. 6,2%, p<0,001). A frequência variou de acordo com o tipo de miosite: Miosite por Corpos de Inclusão (75%), Polimiosite (66,7%), Dermatomiosite (42,1%) e Síndrome Antissintetase (38,5%). Em termos de níveis, 57% apresentaram elevações leves (1 a 3 vezes o LSN), enquanto 11% tinham níveis de 3 a 5 vezes o LSN, e 32% tinham valores de troponina maior 5 vezes o LSN (Figura 1). Entre os pacientes com MIIs, os níveis elevados de hs-cTnT não estavam associados a um strain longitudinal global do ventrículo esquerdo <18% ou uma fração de ejeção mais baixa e não foram associados a eventos cardiovasculares durante os 25 meses de acompanhamento.
Conclusão: Valores anormais da troponina cardíaca T de alta sensibilidade estão presentes em quase metade dos pacientes com miopatias inflamatórias idiopáticas, incluindo elevações importantes, semelhantes aos níveis observados em casos de infarto do miocárdio. A elevação de troponina não se associou a anormalidades ecocardiográficas ou eventos cardiovasculares em pacientes com MIIs.