A ressincronização cardíaca (TRC) é consagrada há mais de 20 anos. A estimulação do sistema de condução (ESC) surge como alterativa a TRC tradicional. A seguir o caso de um paciente portador de TRC-p tradicional (com eletrodo de VE em veia marginal de seio coronário), já respondedor prévio, com transformação em superrespondedor após necessidade de troca de sistema de TRC-p para um com ESC, após infecção tardia de TRC prévio.
Caso clínico: homem, 53 a, portador de TRC-P após BAVT, mcp dilatada e FEVE de 26%. QRS de 140ms(fig 1 e 2).
Fig1: ECG com TRC inicial (QRS 140ms)
Fig2: RX torax PA com TRC tradicional
Permaneceu em CF-2 no seguimento pós-op. ECO TT 04/2023 com FEVE 45-50%. Hipocinesia difusa discreta e todas as paredes de VE. Em abril/2023 apresentou infecção de sistema de TRC-p por S. aureus MRSA. Tratado com ATB por 42 dias e feito extração completa de sistema. Após o tratamento, implantado novo TRC-P com ESC por inserção em septo IV profundo (fig3).
Fig3: Inserção eletrodo em septo IV profundo em novo TRC.
QRS final de 115ms, Tempo de ativação VE 75ms. Permaneceu em CF-1 referindo até mais disposição para exercícios após implante do novo sistema (fig4 e 5). ECO TT no PO1m com FEVE de 61%, e redução de volumes sistólico e diastolico final de VE.
Fig4: ECG após TRC com ESC (QRS 115ms)
Fig5: RX torax PA após novo TRC com ESC
Discussão: A ESC ganha protagonismo por ter execução mais simples do que a TRC tradicional e estudos já apontam a ESC com resultados similares e até superiores. Diretrizes nacionais e internacionais já a indicam como alternativa e até como opção de escolha em determinadas situações. Este relato traz uma inusitada comparação entre as modalidades de TRC (tradicional x ESC) em um mesmo paciente, constatando que após a ESC houve transformação do paciente em superrespondedor a TRC. Este relato vai de encontro com os resultados dos mais recentes estudos sobre o assunto.