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Tetralogia de Fallot não corrigida em paciente de 52 anos: relato de caso

Vitória Freitas Silva, Caroline Azevedo Brim, Carolina Freitas Silva, Cristina Maria Sousa de Almeida, Clara Petrucio, Beatriz Lopes Figueiredo, Maria Clara Almeida Cure Palheiro, Natalia Moura Machado
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Introdução

A Tetralogia de Fallot é a forma mais comum de cardiopatia congênita cianótica, tendo

sido descrita pela primeira vez em 1888. A cirurgia de correção é o tratamento de

escolha na maioria dos casos e o momento da intervenção depende do grau de

obstrução da saída do ventrículo direito, geralmente realizada de forma eletiva no

primeiro ano de vida. A sobrevida após a quinta década de vida sem o tratamento

cirúrgico é rara, com poucos casos relatados na literatura.

Relato de caso

Paciente de 52 anos, sexo feminino, portadora de Tetralogia de Fallot não corrigida,

refere tosse seca, cefaleia frontal, odinofagia e episódios de febre não aferida com

evolução de 5 dias. Desde a infância, queixa-se de cansaço e dispneia, porém

progressivamente piores no último mês. Ao exame, observa-se pletora facial, cianose

central e periférica e baqueteamento digital. Ao exame apresentava sopro

mesossistólico em borda esternal esquerda, irradiado para foco pulmonar e região

infraclavicular esquerda, com turgência jugular à 45 graus e refluxo hepatojugular,

além de edema de membros inferiores bilateralmente. Eletrocardiograma

apresentando ritmo sinusal e baixa voltagem. Ecocardiograma transtorácico constatou

tetralogia de fallot não corrigida com leve acavalgamento de aorta, comunicação

interventricular subaórtica com shunt esquerdo-direito, hipertrofia de ventrículo

direito e estenose infundibular pulmonar grave. Pequeno shunt esquerdo-direito na

região da membrana do forame oval, podendo se tratar de forame oval patente ou

comunicação interatrial. Leve espessamento do pericárdio relacionado à parede

inferolateral do ventrículo esquerdo também foi evidenciado, sem sinais de constrição.

A tomografia de tórax demonstrou derrame pericárdico moderado. Iniciado

tratamento com diureticoterapia venosa, anti-inflamatório e colchicina, apresentando

resposta satisfatória, sendo assim estabelecido o diagnóstico presumido de derrame

pericárdico de etiologia viral.

Discussão

A cirurgia para Tetralogia de Fallot não corrigida em pacientes adultos está associada

ao aumento da mortalidade e é indicada apenas em pacientes sintomáticos. Os

mecanismos que explicam a sobrevida prolongada podem ser atribuídos a estenose

pulmonar leve que progride ou adaptações que melhoram o shunt direita-esquerda,

como formação de colaterais sistêmico-pulmonares, persistência do canal arterial ou

hipertensão sistêmica.

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