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Fístulas coronarianas para seio venoso repercutindo com disfunção de ventrículo direito

Danielle Louvet Guazzelli, Aline Crabonera, Ciro Bezerra Vieira, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Bruno Biselli, Natália carvalinho, Matheus Figueira, Paulo Chizzola , Robinson Munhoz, Edimar Alcides Bocchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

A fístula coronariana é uma comunicação entre artérias coronárias e câmaras cardíacas ou vasos. Rara e associada a cardiopatias congênitas,pode ser assintomática ou causar complicações pelo shunt. Este relato descreve um caso raro de paciente com duas fístulas coronárias para o seio venoso, resultando disfunção de ventrículo direito por hiperfluxo em câmaras direitas.

Paciente, mulher, 62 anos de idade, com um histórico de infecções recorrentes do trato respiratório inferior e diagnóstico de fibrilação atrial aos 45 anos. Em 2020, hospitalizada por dispneia progressiva e edema de membros inferiores. Ecocardiograma da internação, revelou aumento significativo das cavidades direitas, insuficiência tricúspide grave e disfunção moderada do ventrículo direito, enquanto ventrículo esquerdo com função preservada (FE 59%). Realizada angiografia coronariana, que demonstrou fístulas coronarianas de alto débito da artéria coronária direita e da artéria circunflexa para o seio venoso, ambas com dilatação importante (11,61 mm e 17,62 mm, respectivamente), acompanhadas de hiperfluxo pulmonar (fluxo sanguíneo pulmonar de 6,3 l/min) e aumento das pressões nas câmaras direitas do coração (pressão no ventrículo direito de 36X18 mmHg).

Após a alta hospitalar, permaneceu com dispneia ao realizar atividades extra habituais, com subsequente necessidade de internação devido à descompensação da insuficiência cardíaca relacionada à fibrilação atrial de alta resposta. Durante esse período, uma nova angiografia coronariana com cateterismo das câmaras direitas foi realizada, revelando um aumento no diâmetro das coronárias mencionadas anteriormente (11,61 mm para 15,86 mm na artéria coronária direita e 17,62 mm para 25,72 mm na artéria circunflexa), além de um aumento no fluxo pulmonar. Um novo ecocardiograma transtorácico mostrou uma deterioração adicional da função ventricular direita, agora com disfunção importante.

As fístulas coronarianas têm prevalência estimada de 0,002%. A apresentação mais rara tem origem na coronária circunflexa e drenagem em câmaras cardíacas esquerdas ou seio venoso, como no caso relatado. A disfunção de ventrículo direito secundária ao hiperfluxo decorrente da fístula coronariana é uma complicação muito rara e não há descrição de prevalência na literatura.

Diante da progressão observada no diâmetro das coronárias, no fluxo sanguíneo pulmonar e na disfunção ventricular direita, foi optado por indicação de tratamento cirúrgico das fístulas coronarianas da paciente relatada. Nenhum caso semelhante foi encontrado na literatura.

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