Introdução: A ressonância magnética cardíaca (RMC) está recomendada na avaliação inicial dos pacientes com cardiomiopatia. Apesar da cardiomiopatia hipertrófica (CMH) ser a cardiomiopatia genética mais comum, o diagnóstico diferencial de hipertrofia miocárdica é vasto e muitas vezes exige investigação exaustiva. Dentre os métodos de imagem, a RMC tem ganhado destaque. Além da avaliação morfológica e funcional, a RMC permite identificar e diferenciar diversos processos fisiopatológicos miocárdicos, incluindo hipertrofia, fibrose (substitutiva e intersticial), edema, depósito (amiloide, glicoesfingolipídeos, ferro) e substituição fibroadiposa. Neste trabalho revisamos as principais causas de hipertrofia miocárdica e o papel da RMC no diagnóstico e manejo destas doenças. Métodos: Casos de hipertrofia miocárdica submetidos a RMC foram selecionados retrospectivamente. Resultados de estudos genéticos foram adicionados quando disponíveis. Resultados: Entre outros diagnósticos, foram incluídos casos de CMH, estenose subaórtica, coração de atleta, HAS e fenocópias de hipertrófica, incluindo doença de Fabry (Fig 1) e doença de Danon (Fig 2).
Fig 1. Homem, 23 anos, refere opressão retroesternal quando joga futebol. RMC nas sequências cine (A, B), realce tardio (C, D e E), e mapa T1 nativo (F), no plano 4 câmaras (A, D), eixo curto (F, F), 3 câmaras (C) e 2 câmaras (E) demonstrando hipertrofia miocárdica ventricular esquerda médio-apical, associado a discreto realce mesocárdico mal definido e redução do T1 nativo miocárdico (881 ms - valor de referência entre 950 e 1050 ms). Diagnóstico final de doença de Fabry.
Fig 2. Homem, 23 anos, apresenta déficit intelectual leve. Relata morte súbita da mãe aos 43 anos. RMC nas sequências cine (A, B) e realce tardio (C), no plano 4 câmaras (A) e eixo curto (B, C) demonstrando hipertrofia miocárdica ventricular esquerda simétrica, associado a discreto realce mesocárdico mal definido sobretudo na região lateral e apical do ventrículo esquerdo (setas). Diagnóstico final de doença de Danon.
Conclusão: O aperfeiçoamento da avaliação multiparamétrica da RMC tem implicado em um incremento significativo da capacidade diagnóstica do método. Além do diagnóstico, a RMC exerce papel significativo na estratificação de risco do risco e conduta terapêutica dos pacientes com hipertrofia miocárdica.