Introdução: a síndrome de Takotsubo (STK) é uma cardiomiopatia reversível causada pelo aumento de catecolaminas em resposta ao estresse físico ou emocional. Apesar de sua relevância, com uma recorrência de cerca de 4%, ainda é pouco estudada. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar o perfil demográfico, clínico, angiográfico e evolução intra e extra-hospitalar de pacientes com STK em um hospital universitário. Métodos: realizou-se uma revisão de prontuários no período de 2009 a 2024 e contatou-se os pacientes com STK para seguimento médico. Resultados: identificou-se 23 pacientes com STK, sendo 83% do sexo feminino, com idade média de 62 anos. Das comorbidades associadas, 52% tinham hipertensão arterial, 17% depressão, 13% neoplasia, 10% diabetes e 10% fibrilação atrial (FA). Os fatores desencadeantes foram estresse físico em 26%, estresse emocional em 22% e indeterminados em 52%. Segundo a classificação InterTAK, os tipos I, IIa, IIb e III representaram, respectivamente, 22%, 22%, 3% e 53% dos casos. Houve predominância de acometimento apical (90%). Durante o acompanhamento intra-hospitalar, 17 pacientes necessitaram de internação em unidade de terapia intensiva, 4 de ventilação mecânica, 10 de drogas vasoativas, 1 de balão intra-aórtico e 3 de antiarrítmico. Houve 1 óbito intra-hospitalar não relacionado à etiologia cardiovascular. No acompanhamento de longo prazo, 13 dos 23 pacientes foram contatados, sendo que um apresentou AVE isquêmico e dois faleceram de causas não cardiovasculares. Não foram registradas recorrências de STK, infarto, necessidade de revascularização ou internações por insuficiência cardíaca. Conclusão: nesta série de casos, a STK predominou em mulheres pós-menopausa, com o estresse físico sendo o principal fator desencadeante. O acompanhamento a longo prazo não evidenciou recorrência da patologia, destacando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento individualizado para um melhor manejo e desfecho clínico a longo prazo.