Introdução: A COVID longa pode ser definida como manifestações persistentes por mais de três meses após a infecção aguda pelo SARS-CoV-2, podendo acometer órgãos e sistemas. No sistema cardiovascular, há relatos de variações nos valores de pressão arterial (PA) e de frequência cardíaca (FC), consequentemente, do duplo produto (DP). Possivelmente por alterações na expressão da enzima conversora de angiotensina; desregulação do sistema renina-angiotensina-aldosterona; fibrose ou cicatriz miocárdica causada pela cascata inflamatória. Por esse motivo, o objetivo do trabalho é testar a hipótese de que os indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 há dois anos apresentam valores de FC, PA e DP elevados, na condição de repouso. Métodos: Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (6.678.475), amostra: 17 indivíduos com idade entre 45 e 65 anos, de ambos os sexos, acometidos pelo vírus COVID-19 há dois anos, hospitalizados ou não, com divisão temporal dos sintomas tardios ou residuais. O registro da FC (batimentos por minuto – bpm) foi em repouso, decúbito dorsal, através do sistema de eletrocardiograma (HeartWare Ltda, MG, Brasil). A PA (milímetros de mercúrio, mmHg) foi obtida pelo método indireto, técnica auscultatória, de acordo com as Diretrizes Brasileiras, também em decúbito dorsal. O DP (bpm.mmHg) foi obtido a partir do produto da FC e da pressão arterial sistólica (PAS). Os valores de FC, PA e DP serão comparados com valores normativos para idade e sexo segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2022) e a Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos (2022). Os resultados estão representados de forma descritiva em média e desvio padrão e percentual de ocorrência. Resultados: foram avaliados 17 indivíduos, sendo 7 homens e 10 mulheres, com 56±3,7 anos de idade e IMC (kg.m2) = 29,9±6,8. Dados obtidos em média e desvio padrão e percentual de alterações: FC (bpm) = 75±10 e 0%; PAS (mmHg) = 134±16,6 e 41,17%; PAD (mmHg) = 90+9,3 e 29,4%; DP = 9660±2036,5. Conclusão: voluntários com covid longa, após 2 anos de contaminação, apresentam FC dentro de valores normativos. Já a PAS e a pressão arterial diastólica (PAD) apresentam-se elevadas, classificados como pré-hipertensos ou hipertensos diastólicos para 41,1% e 29,4% da amostra, respectivamente. Entretanto, não é possível estabelecer uma relação causal direta com a contaminação pelo SARS-CoV-2.
