INTRODUÇÃO: O padrão de Aslanger consiste numa alteração eletrocardiográfica típica que, mesmo sem configurar infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST (IAMCSST) conforme critérios clássicos, relaciona-se a oclusão coronária aguda. Relatamos um caso de infarto agudo do miocárdio (IAM) com padrão de Aslanger tratado com sucesso, apesar do desafio diagnóstico relacionado ao eletrocardiograma e à coronariografia.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 57 anos, hipertensa e diabética não-insulinodependente, transferida de outro serviço em caráter de urgência com quadro de dor torácica há 5 horas. Seu eletrocardiograma demonstrava supradesnivelamento de ST isolado em DIII. Reconhecido o padrão de Aslanger em discussão no setor de hemodinâmica, a paciente foi imediatamente submetida à coronariografia. Observou-se lesão de 90% na artéria circunflexa e lesão de 99% no ramo descendente posterior direito. Ambas as lesões foram tratadas com sucesso através de intervenção coronária percutânea com stents farmacológicos. Ecocardiograma realizado no dia seguinte demonstrou hipocinesia do segmento basal da parede inferior e inferolateral, com fração de ejeção de 55%. A paciente apresentou boa evolução clínica e recebeu alta 48 horas após a admissão.
CONCLUSÃO: O padrão de Aslanger, descrito em 2020, deve ser reconhecido como IAMCSST de parede inferior, o que exige interpretação eletrocardiográfica criteriosa e preparo médico adequado na emergência. O conhecimento e o diagnóstico ágil proporcionam terapia de reperfusão coronária precoce e melhor prognóstico. Infelizmente, muitos casos não recebem o diagnóstico adequado e são encarados como IAM sem supradesnivelamento de ST. Relatamos um caso de IAM com padrão de Aslanger que obteve tratamento intervencionista imediato e alta hospitalar precoce, sem comprometimento grave da função ventricular esquerda.
Legenda da figura: Eletrocardiograma evidenciando padrão de Aslanger (supradesnivelamento de ST isolado em DIII, acompanhado de infradesnivelamento de ST em DI e DII, infradesnivelamento de ST em parede lateral alta e V6, e supradesnivelamento de ST em V1 maior que em V2).