Introdução: A relação entre o uso de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI) e a hipotensão ortostática (HO) durante o tilt test envolve a análise do sistema nervoso autônomo e sua implicação na fisiopatologia da HO. Com isto, entende-se o comportamento da frequência cardíaca e sua variabilidade com mudanças de postura, incluindo aqueles com e sem HO. Métodos: estudo observacional, retrospectivo, com pacientes de ambulatório em hospital terciário submetidos a tilt test que objetivou avaliar a associação e influência da presença de DCEI no fenômeno de hipotensão ortostática. Inicialmente, realizou-se análise descritiva, avaliando o comportamento de hipotensão ortostática dos tilt tests. Em seguida, analisou-se a associação entre a presença de DCEI e HO, bem como também a associação com HO tardia, ambos por teste de qui-quadrado de Pearson. Por fim, comparou-se as medianas de tempo de HO entre os grupos com e sem DCEI, a partir de teste não paramétrico de Mann-Whitney, admitindo-se, em todos os testes, um valor significativo de p < 0,05. Resultados: Foram analisados 267 pacientes (54 anos ± 20 anos; 60% feminino), sendo 15 portadores de DCEI. Na amostra geral, 42 (24%) tiveram HO, sendo que 15 (8,5%) apresentaram HO tardia. Dos pacientes com DCEI, 3 (21%) tiveram hipotensão ortostática e 1 (7%) teve hipotensão ortostática tardia. Ao analisar a relação entre HO e a presença de DCEI, não fora vista significância estatística (p = 0,2). Contudo, houve significância ao avaliar a relação entre DCEI e HO tardia (p = 0,004). Em análise de tempo, a mediana na amostra geral foi de 4 minutos (IIQ 1-8 minutos), não havendo significância estatística a partir da comparação entre os grupos com DCEI e sem DCEI. Conclusão: a presença de DCEI não influenciou em hipotensão ortostática, porém, houve influência na apresentação de HO tardia, sugerindo que os sintomas dos pacientes com DCEI podem estar associados a HO tardia que deve ser valorizada mesmo que não se apresente de maneira clássica.