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Acidente com Loxoceles como causa de choque cardiogênico - relato de caso

Glaucia T Martins Francisco, Leandro Caramuru Pozzo, Yasmine Teixeira Medeiros, Davi Lico da Silva , Rafaella Stradiotto Bernardelli
Hospital das Nações - Curitiba - PR - Brasil, Cepeti - Centro De Estudos E De Pesquisa Em Terapia Intensiva - Curitiba - PR - Brasil

 

Introdução: Picadas de aranhas do gênero Loxosceles, também conhecidas como aranhas-marrom, resultam em numerosos casos de acidentes em seres humanos em todo o mundo. No Brasil, essa condição figura como a terceira maior causa de acidentes envolvendo animais peçonhentos. Embora alguns sinais clínicos do loxoscelismo tenham sido bem relatados, como lesões cutâneas necróticas e distúrbios de coagulação, os efeitos do veneno no coração ainda são pouco conhecidos.

Relato de caso: Mulher de 57 anos, com sobrepeso, disglicemia e hipotireoidismo, atendida com suspeita de infarto agudo do miocárdio sem supra de ST dois dias após picadura de artrópode em membro inferior direito (MID), em janeiro de 2024. Na admissão relatava dor anginosa, taquicardia, mal-estar geral e dor no local da lesão cutânea, característica de Loxosceles - foto acima. Nos exames iniciais, apresentava eletrocardiograma com inversão de onda T e sinais de bloqueio de ramo direito (BRD), nos laboratoriais, aumento de troponina (666,2 pg/mL), de creatinofosfoquinase (CPK: 593 U/L) e plaquetopenia leve (120.000 mm³). Foi submetida a cineangiocoronariografia, que não demonstrou lesões coronarianas ou alteração do ventrículo esquerdo. No segundo dia, teve aumento significativo de troponina (11.971 pg/mL) e de CPK (1540 U/L) seguido de bloqueio atrio-ventricular total e instabilidade hemodinâmica, necessitando de implante de marca-passo, realizado no mesmo dia com melhora clínica. No terceiro dia, apresentou dispneia, rebaixamento do nível de consciência, piora hemodinâmica, disfunção renal secundária à rabdomiólise e piora da plaquetopenia (54.000 mm³). Foi iniciado tratamento para sepse e realizado ecocardiograma transtorácico à beira do leito, que evidenciou miocardite com hipocinesia difusa e importante queda da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) 30%. A paciente foi submetida à intubação orotraqueal e foi realizada expansão volêmica, manejo hemodinâmico e ventilatório. Apresentou deterioração clínica e hemodinâmica progressivas, evoluindo a óbito no quarto dia.

 Conclusão: Descrevemos o caso de uma paciente apresentando choque cardiogênico secundário à miocardite de etiologia incomum. Devido à raridade do caso, a fisiopatologia não é bem compreendida. Apesar de casos graves de loxoscelismo serem menos frequentes, pode ser interessante nos atentarmos aos possíveis efeitos cardiotóxicos do veneno da Loxosceles.

 

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