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Onda R ampla em V1-V2 e infradesnível de ST anterior – a representação comum e pouco conhecida de uma oclusão de artéria circunflexa

Aline Naiara A. Silva, Heleutério da Conceição N. Madogolele, Manuela C. Ribeiro Dias Barroso, David F. Ferrari, Guilherme Halpern Rodrigues, Paulo Rogério Soares, Alexandre de Matos Soeiro
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: O infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST é comumente interpretado como oclusão coronariana total. Porém, a ausência desse achado ao eletrocardiograma (ECG) pode ocasionar atraso do diagnóstico de oclusão e da devida abordagem.  Relato: paciente, sexo feminino, 67 anos, tabagista, portadora de neoplasia de esôfago, apresentou quadro de dor torácica e procurou atendimento em pronto socorro, onde inicialmente fora diagnosticada com infarto agudo do miocárdio sem supradesnível do segmento ST. Transferida para o nosso serviço após 21 horas do ictus e com resolução da dor. Evidenciado valor de troponina I ultrassensível maior que 50.000 ng/L, além de fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 40% e acinesia de parede lateral ao ecocardiograma (ECO). O ECG demonstrava onda R ampla nas derivações V1 (3 mm), V2 (11 mm) e V3 (19 mm), tamanho maior em V2 e V3 do que nas demais derivações precordiais, além de infra de ST de 0,5 mm em V2 e 1 mm em V3 e V4, e inversão de onda T em V6, D1 e aVL. Não havia supra de ST em V7, V8 e V9. Consideramos alta a probabilidade de infarto lateral transmural onde a imagem em espelho da onda R ampla de V1 a V3 seria uma onda Q em parede lateral e a imagem em espelho de um supra em parede lateral seria o infra de V2 a V4. Estratificação invasiva demonstrou lesão oclusiva em artéria circunflexa (CX) a qual recebeu angioplastia com sucesso. Lesões residuais foram tratadas após 48 horas e paciente recebeu alta após 5 dias. Discussão: a alteração “supra de ST” não está presente em uma parcela significativa de pacientes com infarto transmural. A artéria coronária mais envolvida nesses casos é a CX, cuja oclusão pode não apresentar supra em até 50% dos casos. Há algumas propostas para melhorar a acurácia diagnóstica: considerar a maior importância do infra de ST de V1 a V4, mesmo na ausência de alterações em V7, V8 e V9, além da associação do achado de R ampla especialmente de V1 e V2, onde não costuma ser proeminente, como imagem em espelho; utilizar ECG de 18 derivações, ferramenta já validada; realizar ECO à beira leito para avaliar especialmente acinesia de parede lateral. Conclusão: a ausência de supra de ST não deve afastar a probabilidade de infarto transmural, especialmente para a CX. Maior cautela deve ser empregada quando há infra de ST de V1 a V4, além da devida atenção a onda R ampla em V1 e V2, esses pacientes têm apresentado um perfil de infarto de maior extensão, insuficiência cardíaca mais avançada e piores resultados em curto prazo.

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