Introdução
A fístula da artéria coronária (FAC) é definida pela ligação entre uma ou mais artérias coronárias a uma câmara cardíaca ou a um vaso sanguíneo de maior calibre. É considerada uma das alterações anatômicas mais comuns da artéria coronária, apesar de rara na população geral.
Relato de Caso
Paciente A.N.G., 62 anos, hipertenso e dislipidêmico, com diagnóstico prévio de fístula coronário-pulmonar em territórios de artérias coronárias direita e esquerda, embolizadas com coil em 2012. Permaneceu assintomático após o procedimento, porém, em 2018, iniciou com dispneia aos moderados esforços e angina CCS 2, de forma semelhante ao que sentia anteriormente à embolização das fístulas. Realizada angiotomografia de coronárias em 07/2021, que evidenciou persistência das fístulas entre as artérias coronárias e a porção anterior do tronco pulmonar, alimentadas pela artéria coronária direita e artéria descendente anterior. Submetido à novo CATE que confirmou a persistência das fístulas. Encaminhado para clipagem cirúrgica das fístulas em 10/2021.
Discussão
A incidência real de FAC ainda é desconhecida. Geralmente, as fístulas coronarianas não repercutem clinicamente nas primeiras duas décadas, principalmente, quando têm baixo efeito hemodinâmico.
Fístulas de maior calibre podem levar a um desvio do fluxo sanguíneo coronariano, com consequente isquemia de células miocárdicas e sobrecarga do local de drenagem. Entre os sintomas, destacam-se a angina e dispneia aos esforços.
Para o diagnóstico da FAC, a tomografia computadorizada com múltiplos detectores e a ressonância magnética são exames esclarecedores, porém, o principal método diagnóstico é a angiografia coronariana, pois garante a visualização detalhada da fístula e seu significado hemodinâmico, além de permitir a programação do tratamento.
As indicações de tratamento das fístulas compreendem sintomas relacionados a isquemia miocárdica, arritmias, disfunção e/ou dilatação ventricular ou em casos de complicações por endocardite. As opções de tratamento disponíveis são a ligadura cirúrgica e o fechamento por cateter, sendo este, considerado, hoje, uma forma segura e eficaz frente a cirurgia.
Conclusão
A FAC, embora seja, na maioria dos casos, clinicamente silenciosa, pode levar à morbidade importante em qualquer faixa etária, sendo fundamental que os profissionais médicos saibam reconhecer essa doença e instituir o tratamento adequado.