A doença de Parkinson (DP) é caracterizada por disfunções no controle motor, frequentemente acompanhadas de prejuízos na regulação autonômica e função cardiovascular. Este estudo propôs avaliar os efeitos de um programa de treinamento físico, incluindo exercícios aeróbicos, sobre parâmetros hemodinâmicos, modulação autonômica cardiovascular, capacidade funcional e perfil inflamatório em indivíduos com DP. Foram selecionados 22 participantes nos estágios 2 e 3 da Escala de Hoehn e Yahr, divididos em Grupo Treinado (12 indivíduos, média de idade 62±10 anos) e Grupo Controle (10 indivíduos, média de idade 67±1 anos). Os participantes realizaram treinamento aeróbio em esteira duas vezes por semana, durante 16 semanas, sendo avaliados antes e após o período de intervenção. Nas comparações entre os grupos revelaram os seguintes resultados: A modulação parassimpática, medida pela raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes (RMSSD), aumentou significativamente no Grupo Treinado (Pré: 20,55±16,80 - Pós: 24,64±18,42). A modulação autonômica cardíaca total, avaliada pelo desvio padrão do intervalo de pulso (DP-IP), também aumentou no Grupo Treinado (Pré: 34,02±20,55 - Pós: 42,77±19,15). A frequência cardíaca de repouso (FC) diminuiu após o treinamento no Grupo Treinado (Pré: 77,95±4,59 - Pós: 72,59±7,02). Foi observada estabilização da pressão arterial em resposta ao estresse ortostático. A capacidade funcional, medida pelo consumo máximo de oxigênio (VO2 pico), aumentou significativamente no Grupo Treinado (Pré: 14,81±1,72 - Pós: 17,08±2,42). Houve redução dos níveis de citocinas pro-inflamatórias (IL-6, Pré: 3,99±1,00 - Pós: 1,77±0,49) e marcadores inflamatórios (PCR, Pré: 2,13±0,99 - Pós: 1,60±0,98) no Grupo Treinado. Em conclusão, os resultados indicam que o exercício físico aeróbio promoveu melhorias na disfunção autonômica em pacientes com DP, evidenciada pelo aumento da modulação parassimpática. Além disso, observou-se melhora na capacidade funcional e proteção cardiovascular, o que reforça a relação entre inabilidade motora e risco cardiovascular nessa população. Portanto, intervenções que promovam a atividade física são recomendadas não apenas para melhorar a função motora, mas também para reduzir o risco cardiovascular em pacientes com DP.