Introdução: A doença arterial coronariana (DAC) é uma patologia complexa. Pode manifestar-se de forma variável, desde longos períodos de estabilidade até episódios agudos de instabilidade. Essa instabilidade é frequentemente precipitada por eventos aterotrombóticos, resultantes da ruptura ou erosão de placas. A angina, principal sintoma, é classificada em estável e instável, com a última não apresentando marcadores de necrose miocárdica, mas destacando-se por sintomas prolongados ou por um aumento na intensidade ou frequência dos episódios anginosos. O teste ergométrico (TE) é um recurso diagnóstico valioso para a estratificação de risco, avaliação prognóstica e monitoramento da eficácia terapêutica em pacientes com DAC estável.
Relato de Caso: paciente do sexo masculino, 47 anos, com antecedentes de hipertensão arterial sistêmica e obesidade, procurou atendimento de emergência por dor torácica de características típicas, exacerbada por esforços. Foi indicada a realização de teste ergométrico (TE) de forma eletiva. Durante a primeira etapa do protocolo de Bruce, desenvolveu dor torácica progressiva e limitante, levando à interrupção prematura do teste. A dor cessou após 7 minutos de recuperação. A análise do eletrocardiograma durante a fase de recuperação revelou infradesnivelamento do segmento ST de V3 a V5, com morfologia horizontal tendendo a descendente, atingindo 1,0 mm em sua magnitude máxima. Os dados caracterizaram o caso como de alto risco. Paciente foi encaminhado para o serviço de emergência. Na avaliação pelo médico de plantão, foi classificado como portador de angina estável, recebendo alta hospitalar com encaminhamento para acompanhamento ambulatorial pela cardiologia. Cerca de 5 horas após alta da emergência, retornou ao serviço com dor torácica de forte intensidade, acompanhada de alterações eletrocardiográficas sugestivas de isquemia aguda, incluindo ondas T hiperagudas em V2 e V3, além de infradesnivelamento do segmento ST em DII, DIII e aVF. Diante da refratariedade ao tratamento com nitratos administrados por via oral, procedeu-se à realização de cateterismo cardíaco, que evidenciou oclusão proximal da artéria descendente anterior, sendo realizada angioplastia transluminal coronariana com implante de stent farmacológico. O paciente apresentou evolução clínica e eletrocardiográfica favorável, sem evidências de disfunção ventricular ao ecocardiograma subsequente.