A mortalidade global atribuída as doenças cardiovasculares é influenciada pela hipertensão arterial, e a obesidade que afetam cerca de 400.000 brasileiros anualmente. Em policiais a mortalidade por essa doença é de 2 a 3 vezes maior em comparação com a população civil. Embora essa profissão seja quase predominantemente masculina, o número de mulheres na carreira da Polícia Militar está aumentando, e chega a 15% do total da força, destacando a necessidade de cuidados da saúde cardiovascular para essas profissionais. O papel do treinamento físico (TF) tem sido reconhecido na prevenção dessas doenças; no entanto, a literatura ainda tem lacunas quanto aos efeitos de um programa de TF em policiais femininas. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do TF durante o serviço em fatores hemodinâmicos e composição corporal em policiais militares femininas (PM). Um total de 224 policiais operacionais femininas participaram deste estudo, passando por análise da composição corporal usando impedância bioelétrica octapolar e medições da pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e frequência cardíaca (FC) usando um esfigmomanômetro digital antes e depois da aplicação de um programa de TF em circuito misto, de intensidade moderada a alta, durante 12 semanas, com duas sessões por semana com duração de 45 minutos durante o turno de trabalho. A distribuição dos dados foi analisada usando o teste de D'Agostino & Pearson. As comparações de grupo foram conduzidas usando o teste t de Student com um nível de significância de 95% (p<0,05). Foi observada uma redução na gordura corporal (kg), -0,309 (IC 95%, -0,62 a -0,01), e percentual de gordura corporal (%) -0,904 (IC 95%, -1,36 a -0,44), juntamente com um aumento na massa magra(kg) 0,253 (IC 95%, 0,08 a -0,42) após o protocolo TF. Também houve uma diminuição na PAS -3,56 (IC 95%, -5,4 a -1,6), PAD -2,18 (IC 95%, -3,8 a -0,52) e FC -2,43 (IC 95%, -4,4 a -0,46). Um pequeno tamanho de efeito foi observado para as variáveis avaliadas da composição corporal: PG (0,143) e MM (0,088). Embora os dados indicassem um pequeno tamanho de efeito para PAS (0,266), PAD (0,174) e FC (0,204), as diferenças observadas para essas variáveis entre os períodos pré e pós-TF são consideradas clinicamente relevantes. O TF proporcionou benefícios à saúde cardiovascular e à composição corporal para policiais militares femininas em atividades operacionais da PMESP. Estratégia como esta devem ser incentivadas para melhorar sua saúde cardiovascular, composição corporal e desempenho profissional.
