Introdução: A Cardiomiopatia Periparto (CMPP) é uma insuficiência cardíaca (IC), idiopática, que acomete gestantes e puérperas, desde o 9° mês de gravidez até o 5° mês pós-parto. Os sintomas são semelhantes às alterações fisiológicas gestacionais, o que dificulta o diagnóstico. No entanto, a diminuição da função sistólica ventricular esquerda, associada à ausência de doença cardíaca prévia e outra etiologia determinável para IC, falam a favor da CMPP. O prognóstico varia, sendo possível haver recuperação completa do ventrículo esquerdo, disfunção cardíaca persistente, necessidade de transplante e óbito. Não há dados consistentes quanto à prevalência da CMPP, mas estima-se que 1 a cada 4000 gestações tenha esse desfecho. Objetivo: Analisar a mortalidade por cardiomiopatia periparto entre as pacientes do município de São Paulo na última década. Métodos: O estudo elaborado trata-se de uma análise epidemiológica, descritiva e transversal. Os dados expostos foram obtidos através do banco informativo de saúde DATASUS (TABNET) entre 2013 a 2023, do município de São Paulo. A análise utiliza as variáveis: cor, faixa etária e escolaridade. Resultados: Durante a última década, apenas 31 mortes por CMPP foram registradas no município de São Paulo. A taxa de mortalidade não seguiu padrões de aumento ou redução ao longo do tempo. A média de registros foi de 3 por ano. O parâmetro cor apresentou uma diferença pouco significativa, pois 55% das padecedoras eram brancas, e 45% pretas ou pardas. Quanto à faixa etária, a maioria das mulheres tinham entre 25 e 34 anos (44%), já as faixas entre 15 a 24 e 35 a 44 anos representaram a mesma porcentagem de 26%. Acerca da escolaridade, padeceram mais mulheres com 8 a 11 anos de estudo (48%), seguido por 26% que frequentaram a escola por 4 a 7 anos. Os grupos que tiveram 1 a 3 e 12 ou mais anos de escolaridade, representaram 6,5% cada, e outras 13% não informaram esse parâmetro. Conclusões: Os resultados sugerem que faleceram mais mulheres por cardiomiopatia periparto com idade entre 25 e 35 anos e com escolaridade de 8 a 11 anos. Apesar dessas conclusões, o estudo demonstrou, sobretudo, uma preocupante subnotificação da prevalência e dos óbitos pela CMPP. Diante de possíveis prognósticos desfavoráveis, aprimorar o diagnóstico e registro dessa patologia é substancial para torná-la evidente, incentivando o aumento de pesquisas que contribuirão para melhores desfechos no futuro.