INTRODUÇÃO: A dissecção espontânea de artéria coronária (DEAC) pode se manifestar com quadro de síndrome coronariana aguda (SCA) ou arritmias. A maioria dos casos ocorre em mulheres, geralmente jovens, em associação com doenças genéticas, do tecido conectivo ou gestação e apenas em 10% a 15% das vezes ocorrem em homens. Relatamos um caso de DEAC em paciente jovem do sexo masculino.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 36 anos, sem comorbidades conhecidas, foi admitido em serviço de emergência com queixa de dor torácica há 30 minutos da chegada. A dor teve início após realizar esforço físico leve, era em aperto, de forte intensidade e com irradiação para ombros e dorso. O eletrocardiograma mostrou ritmo sinusal, bloqueio de ramo direito e alterações de repolarização ventricular. A curva de troponina foi positiva e o paciente foi internado com hipótese de SCA sem supradesnivelamento do segmento ST. O cateterismo mostrou imagem compatível com DEAC em artéria descendente anterior com redução luminal de até 80% do terço proximal ao médio. Foi optado por tratamento conservador e o paciente não apresentou intercorrências.
DISCUSSÃO: A DEAC se apresenta com sintomas semelhantes ao da SCA de causa aterosclerótica e deve ser suspeitada quando ocorre em pacientes jovens, principalmente mulheres, sem fatores de risco cardiovasculares. Porém não é possível fazer o diagnóstico apenas pela apresentação clínica, sendo este realizado pela angiografia, que tem alguns padrões, sendo o mais clássico o que mostra o duplo lúmen, como o do paciente em questão. O tratamento deve ser individualizado e a maioria dos casos com estabilidade hemodinâmica e melhora da dor tem indicação de tratamento conservador, já que angioplastia é associada a alta taxa de complicações.