Introdução:A miocardiopatia hipertrófica é uma patologia genética, de característica autossômica dominante, relacionada ao locus 1 do braço longo do cromossomo 14, que se apresenta, predominantemente, pela hipertrofia ventricular esquerda na ausência de outra etiologia cardíaca, sistêmica ou metabólica, afetando 1 em cada 500 pessoas mundialmente. Ademais, pode ser classificada em basal/clássica, médio-ventricular e apical, de acordo com os segmentos de hipertrofia do ventrículo esquerdo (VE). Dessa forma, a prática vigorosa de exercício físico por por atletas de alto rendimento (AAR), pode desencadear a expressão genética da miocardiopatia hipertrófica apical (MHA) com sintomas inespecíficos devido a má função diastólica, e em casos graves a morte súbita como evento adverso.
Métodos:Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada no portal da BVS que possibilitou a análise do conteúdo para responder à pergunta norteadora: “Os esportes de alto rendimento devem ser cessados em atletas acometidos por miocardiopatia hipertrófica apical?”. Os critérios de inclusão foram artigos publicados entre 2020 a 2024, em português e inglês; os descritores utilizados foram "Miocardiopatia Hipertrófica Apical" e “atletas”; e suas variações em inglês: "Apical Hypertrophic Cardiomyopathy" e “Athletes”; utilizando os operadoresbooleanos “AND” e “OR”. Ao total foram encontrados 123 artigos dos quais excluíram-se 120 pela falta de correlação com a temática abordada.
Resultados:Em relato de caso realizado com um atleta rastreado com MHA, sendo classificado com prognóstico de risco devida a concomitância da prática de esportes de alto rendimento (EAR), se fez necessário a colocação de cardiodesfibrilador implantável por risco de arritmia, garantido por nível de recomendação IIb, sendo necessário a tomada de precauções para retorno ao esporte. Ademais, um relato de caso semelhante com um AAR assintomático, o qual foi realizado um ECG evidenciando AVR difuso com inversão de onda T nas derivações inferiores e precordiais esquerdas, além de um ETT com aumento da espessura da parede do VE após a realização de partidas e 5 treinos semanais de alta intensidade. Com isso, ao ser cessado as atividades por 18 meses foi observado redução da espessura da parede por diminuição do volume dos miócitos.
Conclusão:Diante dos estudos descritos, concluímos que a prática de EAR continua a necessitar de estudos mais aprofundados e específicos para uma melhor conclusão em relação ao prognóstico da MHA. Principalmente quando analisados os dados inconclusivos de estudos existentes.