Fundamento
A eficácia da colchicina na redução de eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM) após acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) não-cardioembólico é desconhecida.
Métodos
Conduzimos um estudo de coorte retrospectivo multicêntrico envolvendo pacientes diagnosticados com AVEi não-cardioembólico menor entre 2020 e 2024, vinculando dados de registro sobre prescrições, características clínicas e desfechos. Utilizando escores de propensão, 16.826 pacientes expostos à colchicina foram pareados 1:1 com 1.381.995 pacientes não-expostos. O desfecho primário foi um composto de ECAM, definido como mortalidade geral, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou AVEi. Também avaliou-se eventos adversos e componentes do desfecho primário.
Resultados
ECAM ocorreram em 13,4% dos pacientes no grupo colchicina, em comparação com 20,6% daqueles que não usavam colchicina (razão de hazard 0,87; intervalo de confiança [IC] de 95% 0,81–0,93; P<0,001). As razões de hazard foram de 0,82 (IC 95% 0,77–0,87) para mortalidade geral, 0,58 (IC 95% 0,47–0,72) para AVEi e 1,05 (IC 95% 0,95–1,18) para IAM. Embora os usuários de colchicina tenham apresentado taxas mais altas de diarreia (razão de hazard 1,17; IC 95% 1,07–1,29), as taxas de sepse, pneumonia, pancitopenia, rabdomiólise e mialgia foram comparáveis entre os pacientes expostos e não-expostos à colchicina.
Conclusões
Pacientes expostos à colchicina apresentaram menores riscos de ECAM após AVEi não-cardioembólico menor sem maiores preocupações de segurança, respaldando o desenvolvimento de ensaios clínicos randomizados neste cenário.