Introdução
Os tumores cardíacos, embora raros, apresentam desafios significativos para diagnóstico e tratamento. As lesões neoplásicas podem ser classificadas em tumores primários ou secundários (metástase para o coração). A incidência de Neoplasias cardíacas primárias clinicamente diagnosticadas é aproximadamente 1.380/100 milhões de pessoas. Mais de 90% das neoplasias primárias do coração são benignas. Neste artigo iremos relatar um caso de um paciente que se apresentou primariamente com bloqueio atrioventricular total (BAVT) em que foi implantado marcapasso e na investigação causal foi descoberto um tumor cardíaco maligno primário.
Caso clínico
SRS, 44 anos, masculino. Avaliado em fevereiro de 2022 com dor torácica, tonturas e pré-síncopes. Sem outros antecedentes relevantes e sem uso de medicação. Ao exame físico demonstrou bradicardia com frequencia cardíaca (FC) 44 batimentos por minuto (bpm) e Eletrocardiograma demonstrou bloqueio átrio ventricular total (BAVT). Trazia, de dezembro de 2021, um ecocardiograma sem alterações, Holter com BAV 1° grau todo tempo e períodos de BAVT e teste ergométrico com BAV 2:1 no esforço. Na investigação seguinte, já internado, demonstrou exames laboratoriais sem alterações, sorologias negativas, TSH normal, Chagas negativo, angiotomografia de coronárias normal e ressonancia magnética cardíaca com única alteração hipertrofia do septo interatrial, medindo 2,1cm, sugerido como possibilidade de hipertrofia lipomatosa. Foi submetido a implante de marcapasso e optado por seguimento ambulatorial com métodos de imagem.
Realizou segmento com ECO TE e ressonancia, até que em janeiro de 2024 teve descompensação clínica com derrame pericárdico com necessidade de drenagem e aumento expressivo da massa medido pela ressonancia neste momento com 4,4x4,6cm e presença de nódulos pulmonares sugerindo implantes metastáticos. Foi realizado biopsia transbrônquica de um dos nódulos pulmonares com achado sugestivo de sarcoma primário do coração metastático. Paciente foi encaminhado para seguimento oncológico.
Discussão / conclusão:
A incidência de tumores cardíacos é baixa, sendo raro entre os tumores em geral e dentre os tumores cardíacos, os malignos são mais raros ainda, porém devem sempre ser lembrados para que uma investigação apropriada seja realizada. Neste relato de caso reforçamos a necessidade da investigação clínica complementar principalmente nos casos atípicos e todos os esforços são validos na tentativa de diagnóstico precoce que possibilite um melhor prognóstico dos pacientes.
