Introdução: O ribociclib, um inibidor da quinase dependente de ciclina 4/6, é utilizado para aumentar a sobrevida em pacientes com câncer de mama que apresentam receptores hormonais positivos (HR+) e receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano negativo (HER2-). Embora eficaz, este medicamento pode causar eventos cardíacos adversos. Para entender melhor o seu perfil de cardiotoxicidade, conduzimos uma revisão sistemática e uma meta-análise.
Métodos: Foram pesquisados os bancos de dados PubMed, Scopus e Cochrane Central para ensaios clínicos randomizados avaliando o ribociclib em pacientes com câncer de mama. Os desfechos de interesse foram prolongamento do QT de acordo com a dosagem (400 e 600 mg), estágio (avançado-ABC e inicial-EBC) e hipertensão. O software R e modelos de efeitos randômicos foram usados para todas as análises.
Resultados: Incluímos 6 estudos randomizados com 6.974 pacientes, dos quais 64% receberam 600 mg de ribociclib e 36% receberam 400 mg. O período de acompanhamento variou de 6 a 79,2 meses. Em nossa análise agrupada, a taxa geral de prolongamento do QTc foi de 9% em pacientes com ABC (IC 95% 6,73 a 11,94) e 5% naqueles com EBC (IC 95% 4,38 a 6,09). De acordo com a dose, 600 mg levaram a uma taxa significativamente maior de prolongamento do QT do que 400 mg, incluindo aumento de >60ms do QTc a partir da linha de base (6% vs. 0,8%, p<0,01) e QTc >500ms (1,32% vs. 0,12%, p<0,01). A taxa de hipertensão foi de 9,6%.
Conclusão: Prolongamento do QTc e hipertensão são efeitos cardiotoxicos importantes do ribociclib. Pacientes com ABC recebendo 600 mg devem ser monitorados de perto durante o tratamento.