Introdução: Estudos têm relatado aumento do consumo exacerbado de alimentos manufaturados ricos em frutose (F), o que tem sido associado ao desenvolvimento de síndrome metabólica (SM), com alguns efeitos transgeracionais já relatados na literatura. A via reflexa colinérgica anti-inflamatória (RCAI) que é caracterizada pela modulação autonômica da inflamação, parece desempenhar um papel importante nesta condição. O presente estudo investigou o papel da via reflexa colinérgica anti-inflamatória, por meio da desnervação esplênica e vagal (D) e do tratamento com galantamina (GAL), sobre os parâmetros cardiometabólicos e autonômicos na prole de genitores submetidos ao consumo crônico de frutose. Método: Para este estudo ratos Wistar (genitores) foram submetidos à sobrecarga de frutose na água de beber (10%) ou ao consumo de água por 60 dias. Na sequência, os ratos foram acasalados e a sobrecarga de frutose para as fêmeas foi mantida até o final da lactação. Ao final da lactação a prole (5 machos e 5 fêmeas) foi separada em 4 grupos: controle (C), F, GAL e D + GAL. A GAL (5mg/Kg), um inibidor da acetilcolinestarase, foi administrada via gavagem por 30 dias. A D, via principal de sinalização do RCAI, foi realizada aos 21 dias pela secção das fibras nervosas do baço. A prole foi avaliada e comparada após 51 dias. Resultados: Os grupos F e D+GAL (2,9 ± 0,31 e 2,9 ± 0,14 mg/dl/%/min) tiveram redução da sensibilidade à insulina vs. C (4,00 ± 0,3 mg/dl/%/min), o que não foi observado no grupo GAL. Os grupos GAL (370±78,5mg) e D+GAL (310±74,5mg) apresentaram do tecido adiposo branco redução em relação ao C (708±121,1mg) e F (980±159,7mg). Os grupos F e D+GAL (vs. C) tiveram aumento da pressão arterial (PA) (114±2,02 e 115±,36 vs. 103±3,15 mmHg), da frequência cardíaca (378±4,7 e 366±4,6 vs. 324±9 bpm) e da modulação simpática vascular (4,58 ± 0,46 e 4,26±0,46 vs. 1,97 ± 0,33 mmHg2), o que não observado no GAL. Além disto, o grupo GAL (vs. F e C) teve aumento da banda de vagal cardíaca (17,78±2,19 vs. 8,60±2,44 e 9,28 ±2,50 ms2). Os grupos F e D+GAL (vs. C) apresentaram prejuízo na resposta bradicárdica do barorreflexo (-1,21±0,1 e -1,29 ± 0,1 vs -1,65±0,1 bpm/mmHg), e o grupo GAL normalizou este parâmetro. Conclusão: Os dados demonstram evidências da participação do RCAI nas alterações cardiometabólicas e autonômicas na prole de genitores submetido ao consumo crônico de frutose. Tais achados reforçam a importância de estratégias terapêuticas que modulem favoravelmente a modulação autonômica para prevenção das alterações precoces da prole.