INTRODUÇÃO: A febre reumática, prevalente em países subdesenvolvidos, afeta principalmente jovens. Sua fisiopatologia envolve uma resposta autoimune tardia à faringoamigdalite estreptocócica. É bifásica, apresentando uma fase aguda com manifestações cardíacas (insuficiência cardíaca e mitral) e extra cardíacas (artrite, coreia), e outra crônica, apresentando, em sua maioria, valvulopatias como a estenose mitral. A estenose mitral, resultante de evolução lenta, é mais prevalente em mulheres e associada à doença reumática. Autoanticorpos provocam inflamação e fibrose, restringindo a abertura da válvula. Isso leva à congestão pulmonar, aumento de pressões e falência ventricular. O quadro clínico inclui dispneia, tosse, estase jugular, sinais de baixo débito cardíaco, arritmia e manifestações embólicas. Já a insuficiência mitral costuma ocorrer na fase aguda da doença reumática, caracterizada por regurgitação sanguínea para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular; além dos sintomas relacionados à estenose mitral, também causa manifestações anginosas e de endocardite. O estudo visa analisar óbitos por doença reumática mitral em São Paulo (SP), buscando identificar perfis epidemiológicos para reforçar diagnósticos precoces e reduzir falecimentos.METODOLOGIA: Trata-se de uma análise epidemiológica, descritiva, transversal e retrospectiva do número de óbitos por ano, cor, sexo e faixa etária ocorridos no município de SP de 2019 à 30 de novembro de 2023, dados utilizados do DATASUS (TABNET).RESULTADOS: De 2019 a novembro de 2023, foram 375 óbitos por doenças reumáticas mitrais em SP, com variação anual. A maioria dos falecimentos foram em 65 anos ou mais, sexo feminino e da cor branca. Houve aumento nas taxas de mortalidade de 2019 a 2022, mas em 2023 houve estagnação. A mortalidade está mais associada ao sexo feminino, com 73,6% dos óbitos, e aos pacientes de 65 anos ou mais, 57,3% dos falecidos. Os dados pesquisados não discernem entre óbitos por insuficiência e estenose, impossibilitando a quantificação e comparação entre as duas condições.CONCLUSÃO: Os dados mostram um não aumento de óbitos de 2022 para 2023, contrariando tendências de anos anteriores. A população branca, idosa e de sexo feminino obtiveram maior número de óbitos, sendo a faixa etária o principal fator, apesar dos mais jovens serem mais acometidos pela literatura. Porém, não é possível afirmar com certeza que as patologias reumáticas mitrais foram as únicas causas de óbito, pois outras comorbidades poderiam estar presentes.